segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

FC do B: um convite, e uma grata descoberta em 2011



Em junho de 2011, recebi, por correio eletrônico, um convite que me pareceu, ao mesmo tempo, muito instigante, simpático, e também surpreendente: integrar a Comissão Julgadora de um concurso, de abrangência nacional, de contos de ficção científica. FC do B, o nome do concurso, que encaminhava sua terceira edição, relativa ao biênio 2010-2011. O site do concurso é http://fcdob.com.br/

Minha disposição imediata foi de aceitar, animada por algumas razões. A primeira delas diz do meu envolvimento com questões relativas à ficção científica, seja em pesquisas acadêmicas, seja pelo meu envolvimento pessoal com narrativas dessa natureza. Além disso, mesmo sem conhecer, no primeiro momento, o projeto, tampouco o histórico do concurso, intuí a importância de tal iniciativa, considerando que o Brasil tem público ávido desse tipo de produção, tanto na literatura quanto no cinema, enquanto os incentivos para a sua produção ficam sempre em patamares aquém. Finalmente, devo confessar que não resistiria à oportunidade oferecida para ler um amplo conjunto de contos – o que, por si, tem suas doses de prazer – de ficção científica – os motivos se fortalecem – produzidos por escrivinhadores brasileiros.

Aceito o convite, recebi as instruções, e, em julho, comecei a navegar entre as leituras. A jornada era árdua, afinal, tinha pela frente nada menos que setenta contos para serem avaliados, num período de pouco menos de três meses. Nesse ínterim, participei de alguns eventos acadêmico-científicos, bancas de defesa e qualificação em pós-graduação, dei aulas, acompanhei orientandos, fiz revisão de textos a serem publicados (artigos, capítulos de livros, e livros), e entre a lista de coisas para fazer, materiais para ler, inventava pausas, e me punha em viagem com os contos. Cada mergulho, um portal atravessado para outra dimensão, com paisagens imaginárias, tensões, aventuras, perguntas. Muitas perguntas. Imagens, cenários, situações que foram incorporados aos meus repertórios, e ficaram lá, perfeitamente articulados. Ainda hoje, de repente, alguns elementos emergem à minha lembrança. Por vezes nem consigo, de imediato, lembrar a fonte: teria sonhado? Vi nalgum filme? Para então localizar, entre os contos, a sua formulação.

Pedro Rangel, que faz parte da organização do concurso, foi meu interlocutor em todo o processo, desde o convite, passando pelo acompanhamento cuidadoso e feed back no tocante às minhas leituras, ao encerramento dos trabalhos, até o envio, por correio, da coleção de três volumes, das três edições realizadas.

Com os livros em mãos, tive confirmada a importância desse trabalho. Demorou, poderiam dizer leitores mais jovens. Percorri as páginas, revi os contos, quis saber informações sobre os autores premiados, dos quais não tinha a menor ideia, a não ser de seus codinomes. A diversidade temática, bem como do perfil dos contistas, a riqueza no exercício literário, e o cuidado nas edições convidam à leitura. Chama-me a atenção, também, a agilidade com que o material foi editorado, impresso, e lançado.

Por todas essas razões, reitero o que já observei à Comissão Organizadora, por intermédio do Pedro Rangel: é, sem qualquer dúvida, louvável uma iniciativa dessa envergadura, pela temática que aborda, pela produção literária brasileira à qual dá vazão, por propiciar aos leitores o contato com essa produção, e pela qualidade das publicações. Por último, devo ressaltar, ainda, o cuidado criterioso e os princípios éticos observados em todas as etapas do concurso, qualidades de que eu sou testemunha.

Os três livros foram publicados pela Tarja Editorial: FC do B 2006-2007, 2008-2009, e este último, 2010-1011. Recomendo a leitura. Ao deguste!




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