literatices... letras para nada, talvez para tudo... imagens de nada, que podem ser de tudo... matutações... penseros... rabiscações... daquilo que vejo... ou não... porque tomo assento neste tempo quando a humanidade produz vertiginosamente letras, símbolos e imagens, em busca de sentidos, quaisquer que sejam... ou não...
sábado, 26 de abril de 2014
quarta-feira, 23 de abril de 2014
Pedagogias Culturais (Coleção Cultura Visual e Educação)
Lançamento
do 6º volume da Coleção Cultura Visual e Educação, Organizado por Raimundo
Martins e Irene Tourinho . O lançamento será dia 30, em Santa Maria, Rio Grande
do Sul, na Feira do Livro de Santa Maria.
O sexto
volume da Coleção Cultura Visual e Educação - Pedagogias Culturais - explora diferentes pontos de interseção que as pedagogias culturais
suscitam, especialmente quando imbricadas com a cultura visual. Um amplo
espectro de interesses reúne autores que discutem propostas, questões e
práticas partindo das artes visuais, do corpo, da performance, do funk, do
cinema, dos brinquedos, dos games e, ainda, da escola ou de lugares como
shopping centers, ruas e praças.
SUMÁRIO
Investindo
no potencial das Pedagogias
Culturais...........................................11
Agradecimentos.............................................................................................15
Parte I
Sobre
projetos, performance e corpo em produções artísticas e pedagógicas...
Enredando-nos
dentro e fora das pedagogias: paradoxos e desafios das
políticas e Pedagogias
Culturais................................................................19
Javier
Rodrigo e Antonio Collados
Corpo,
arte, vida e educação: contribuições da performance para as Pedagogias Culturais........................................................................................45
Arao
Paranaguá de Santana
Entre
madonas virgens e eróticas: corpo, imagem e afetos como investimentos
das Pedagogias
Culturais.............................................................73
Odailso
Berté e Irene Tourinho
Pedagogias
Culturais nas entre viradas: eventos visuais &
artísticos...................101
Tatiana
Fernández e Belidson Dias
Parte
II
Sobre
cinema e seus terrenos educativos...
Aprendendo
a ser docente através de filmes: possíveis trânsitos entre cinema e
educação.............................................................................................141
Lutiere
Dalla Valle
O
cinema como modo de pensamento, o cinema como forma de forçar o pensar............................165
Marilda
Oliveira de Oliveira
Becos e trânsitos entre escola e cinema........................................................177
Alice
Fátima Martins
Parte
III
Sobre
artefatos e práticas culturais de crianças e jovens...
Imagens
na educação infantil como Pedagogias
Culturais...................................199
Susana
Rangel Vieira da Cunha
O que
os jogos eletrônicos querem ensinar? reflexões sobre divertimento
e
educação.....................................................................................225
Jordana
Falcao e Raimundo Martins
Entornos
da aprendizagem entre jovens produtores de Cultura Visual:
traços e características..............................................................................247
Imanol
Aguirre
Culturas
juvenis para além dos interditos culturais: o funk carioca, potência
e beleza....................................275
Aldo
Victorio Filho
Parte
IV
Sobre
lugares, experiências e condições cotidianas que arquitetam conhecimentos...
Pedagogia
das imagens: de artes visuais e shopping
centers.......................293
Fernando
Miranda
O lugar
das pedagogias culturais em um projeto interdisciplinar de colaboração:
factoría piedra buena – oficina de brinquedos.......................................................315
Laura
Cardona, Ester G. Mecías, Celia Prats e Meritxell Romanos
Pedagogias
Culturais: o processo de (se) constituirem um campo que vincula conhecimento, indagação
e
ativismo.........................................................................329
Fernando
Hernández
Possibilidades
de pesquisas com artefatos culturais nos cotidianos das redes educativas, em
conversas.....................................................................357
Nilda
Alves e Nívea Andrade
Sobre
os
autores............................................................................................................377
domingo, 20 de abril de 2014
sexta-feira, 18 de abril de 2014
Juruna, o espírito da floresta
Foi por acaso que ontem acabei assistindo ao filme que narra o percurso do Cacique e Deputado Juruna, e a luta de sua gente pela terra. Como
acasos não existem, talvez não tenha sido mesmo por acaso que era véspera da
Sexta Feira da Paixão, antevéspera do Dia do Índio.
Achei o filme um pouco longo demais, cansativo em vários
momentos. Poderia ser enxugado em vários pontos, para dar maior contundência ao
argumento nuclear da narrativa. Mas ele recupera documentos e depoimentos
importantíssimos. Vê-lo reavivou memórias do final dos anos 70, anos 80, os
trânsitos entre a capital federal e a aldeia, os embates em plena ditadura
militar, e o Juruna, figura antológica, com seu gravador, registrando tudo,
para poder cobrar depois.
Em depoimento, quando perguntado se, para exercer pressão sobre as autoridades, à época, teria usado a borduna, um dos velhos, irmão de Juruna, respondeu que não, que usou a palavra, que sua borduna era a palavra. No caso de Juruna, ele usou a palavra aliada ao gravador com fita K7: arma da qual não se separava, em suas jornadas no Congresso Nacional, na FUNAI, e quantos outros órgãos públicos.
Em depoimento, quando perguntado se, para exercer pressão sobre as autoridades, à época, teria usado a borduna, um dos velhos, irmão de Juruna, respondeu que não, que usou a palavra, que sua borduna era a palavra. No caso de Juruna, ele usou a palavra aliada ao gravador com fita K7: arma da qual não se separava, em suas jornadas no Congresso Nacional, na FUNAI, e quantos outros órgãos públicos.
Sim, o Cacique Juruna foi, de fato, o primeiro mídia
ninja do cenário de lutas no Brasil!
Viva o pioneirismo do nosso nobre Deputado Federal, Cacique
Juruna!
Juruna, o Espírito da Floresta (2008)
Direção: Armando Lacerda
Gênero: Documentário
Duração: 86 minutos
Tipo: Longa-metragem
importâncias e desimportâncias
... quando uma pessoa faz alguma coisa muito legal, ganha reconhecimento, fica importante, aí começa a se sentir importante, é exatamente o ponto em que ela começa a ficar desimportante...
quinta-feira, 17 de abril de 2014
Na Esplanada dos Ministérios, o livreiro, os políticos e o poeta
Na postagem anterior, neste blog, trouxe um texto pouco conhecido de Fernando Pessoa, de cunho político. A escolha do texto não foi ao acaso. O mensageiro que o chamou à pauta chama-se Chiquinho. Meu amigo Livreiro, o Livreiro Chiquinho, dono da Livraria do Chiquinho, figura ímpar no cenário cultural de Brasília.
Com o estande da sua pequena livraria instalado na Bienal do Livro de Brasília, em frente ao Museu da República, na Esplanada dos Ministérios, Chiquinho recuperou o texto A Ilusão Política das Grandes Manifestações Populares, do poeta português multifacetado. O Livreiro promoveu um exercício cidadão dos mais sofisticados. Carismático e comunicativo, convidou políticos em excursão pela Bienal a ler, em voz alta, o texto. Ora, quem se recusaria a ler um texto de Fernando Pessoa, sob o risco de ser tido, por parte de seus eleitores, como um ignorante das letras e da própria língua portuguesa?
Quando os candidatos potenciais a cargos políticos davam-se conta, estavam já sem condições de escapar à armadilha: as palavras críticas de Pessoa queimavam-lhe o céu da boca, mas tinham que chegar até o final dos breves parágrafos.
Assim foi que, na pequena banca do Livreiro, em plena Esplanda dos Ministérios, em Brasília, políticos e candidatos potenciais a cargos políticos foram forçados a uma aula de poesia e de cidadania, malgrado seu, ainda que em performances fugidias, testemunhadas por público nem sempre numeroso.
Meus votos ao Livreiro!
quarta-feira, 16 de abril de 2014
A Ilusão Política das Grandes Manifestações Populares
Fernando Pessoa, in “Ideias Políticas”
Nisto de manifestações populares, o mais difícil é
interpretá-las. Em geral, quem a elas assiste ou sabe delas ingenuamente as
interpreta pelos factos como se deram. Ora, nada se pode interpretar pelos factos
como se deram. Nada é como se dá. Temos que alterar os factos, tais como se
deram, para poder perceber o que realmente se deu. É costume dizer-se que
contra factos não há argumentos. Ora só contra factos é que há argumentos. Os
argumentos são, quase sempre, mais verdadeiros do que os factos. A lógica é o
nosso critério de verdade, e é nos argumentos, e não nos factos, que pode haver
lógica.
Nisto de manifestações — ia eu dizendo — o difícil é
interpretá-las. Porque, por exemplo, uma manifestação conservadora é sempre
feita por mais gente do que toma parte nela. Com as manifestações liberais
sucede o contrário. A razão é simples. O temperamento conservador é
naturalmente avesso a manifestar-se, a associar-se com grande facilidade; por
isso, a uma manifestação conservadora vai só um reduzido número da gente que
poderia, ou mesmo quereria, ir. O feitio psíquico dos liberais é, ao contrário,
expansivo e associador; as manifestações dos "avançados" englobam,
por isso, os próprios indiferentes de saúde, a quem toda a vitalidade acena.
Isto, porém, é o menos. O melhor é que, para quem pensa, o
único sentido duma manifestação importante é demonstrar que a corrente da
opinião contrária é muito forte. Ninguém arranja manifestações em favor de
princípios indiscutíveis. Tão pouco se aglomeram vivas em torno a um homem a
quem é feita uma oposição sem relevo ou importância. Não há manifestações a
favor de alguém; todas elas são contra os que estão contra esse alguém. É por
isso este, não o "homenageado", quem fica posto em relevo. Quanto
maior a manifestação, mais fraco está o visado; maior se sente a força que se
lhe opõe. Toda a manifestação é um corro-a-salvar-te de quem não pensa
contribuir para a salvação senão com palmas e vivas.
É este o ensinamento que toda a criatura lúcida tira das
manifestações populares.
Quando a uma criatura, que está em evidência ou regência, se
faz uma manifestação que resulta pequeníssima, conte tal criatura com o apoio
dum país inteiro. Se a manifestação fosse grande, tremesse então. É que os seus
partidários teriam sentido, por uma intuição irritada, a grandeza da oposição a
ele, e isso os chamaria em peso para a rua, para, com suas muitas palmas e
vivas, aumentar a ele e a si próprio a ilusão duma confiança que enfraquece.
segunda-feira, 7 de abril de 2014
sobre tunicados e políticos, algumas relações possíveis
Foi Sebastián Suárez quem me apresentou os tunicados,
curiosos animais marinhos a respeito dos quais nunca ouvira falar, antes. Fazem parte de uma espécie que integra o grupo dos Urocordados, um
subfilo de animais pertencentes ao filo Chordata.
Ao que afirmam os cientistas, essas criaturas, do ponto
de vista filogenético, podem estar mais próximas da espécie humana do que se
suponha. No entanto, concordo com Sebastián que, além de aproximações
filogenéticas, eles também se parecem com os humanos em certa idiossincrasia
comportamental sociopolítica, por assim dizer. Ao menos, com um dado segmento
social da espécie humana.
Os tunicados, quando nascem, são flutuantes na água
marinha, têm o formato de um bastão, e portam um pequeno cérebro que os ajudam
a eleger o melhor lugar, numa rocha, para se fixarem. Uma vez fixados, devoram
o próprio cérebro, pois já não terá mais serventia. A partir de então, passam a
filtrar a água em volta, alimentando-se de todos os resíduos de que seja
portadora. E permanecem, ali, fixos, na rocha.
Há quem aponte – por mais paradoxal que possa parecer – certa inteligência na estratégia desse animal, ao devorar o próprio cérebro quando este já não tenha mais
serventia, sendo ele um órgão energeticamente dispendioso.
No entanto, esse caso
também pode ser pensado, metaforicamente – uma metáfora humana, não podendo ser
de outra forma –, por outra via. Nessa metáfora, Sebastián sugere, e eu estou
em pleno acordo, que sejam evocados os percursos cumpridos pela maior parte dos
políticos. Quando aspirantes aos cargos públicos, mas ainda não integrados à classe
política propriamente dita, fazem uso de seu pequeno cérebro – pequeno no tamanho mas não necessariamente na astúcia. Assim, agilmente se orientam
quanto a como chegar ao melhor ponto para se fixarem. Esse cérebro os ajuda na
articulação de discursos, na argumentação de posições, na defesa veemente de
certas lutas. Quando eleitos, fixam-se na rocha do poder legislativo, ou do
poder executivo, naqueles cargos ocupados a partir de processos eletivos. Pronto: fixados, já não precisam do
cérebro. Por isso, os devoram. E permanecem, ali, alimentando-se do caldo nutritivo no
qual estão imersos.
Ali, de tempos em tempos, renovam a túnica que reveste seus
corpos – por isso, tunicados. Sua aparência externa torna-se cada vez mais próxima à
da rocha na qual estão fixados, embora internamente sejam vermelhos como
sangue...
Em anos de eleição, não faltam tunicados novos,
movendo-se com habilidade, em busca de coordenadas sobre onde se possam fixar, e defendendo seu direito a fixarem-se. Buscam abrir espaço entre os
tunicados mais velhos, fixados em territórios de onde não se dispõem a arredar pé.
Assim é...
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