Ontem foi a final do programa produzido e veiculado pela
Rede Globo de Televisão, o The Voice Brasil. A senhora da voz vitoriosa atende
pelo nome de Ellen Oléria, é negra, tem os olhos brilhantes, o sorriso largo,
uma voz potente e bela. Tem carisma. E tem uma namorada que, ao lado da mãe,
foi assim identificada na transmissão ao vivo do último programa desta edição: “Mãe
e namorada de Ellen”.
Foi inevitável lembrar Cássia Eller, voz e gestos fortes,
cheios de musicalidade, ocupando todo o espaço do palco no Concerto Cabeças,
invadindo as mesas no Bom Demais. Eller e Ellen: mulheres marcantes, bravas, capazes de mobilizar
os públicos com sua música e seu gesto.
Isso é Brasília. Essa é a
cidade que vive em efervescência cultural e artística. Brasília, a cidade, é
tecida quotidianamente por essa gente, que passa ao largo das mazelas da
Esplanada dos Ministérios e da Praça dos Três Poderes. Ali, sim, transitam aventureiros,
profissionais e políticos de passagem, malas prontas para retornar aos seus
lugares de origem, nas unidades federativas que os elegeram, ou escolheram para
assumir cargos e papéis os mais diversos. Ali transitam gentes que não têm
qualquer vínculo efetivo com a cidade.
As gentes de Brasília pulsam fora desse circuito. Produzem vida com qualidade, arte, música, cinema, poesia, ciência, moda,
esporte... Ellen Oléria faz parte dessas gentes, vem desse lugar, e imprime sua
força na música que canta, na imagem que constrói, no gesto largo.
Merda a Ellen Oléria! Vida longa à sua voz!