sábado, 24 de maio de 2014

Tá caindo fulô!


Fulô

"Tá caindo fulô, ê, tá caindo fulô
Tá caindo fulô, ê, tá caindo fulô
Lá do céu cá na terra, ê, tá caindo fulo"

Quem ouviu o meu cantar
Um pouco me conheceu
Vou levar no coração
A fulô que tu me deu

"Tá caindo fulô, ê, tá caindo fulô
Tá caindo fulô, ê, tá caindo fulô
Lá do céu cá na terra, ê, tá caindo fulo"

E sempre que chega a hora
De partir pra outro chão
Deixo a tristeza de fora
E canto minha louvação

"Tá caindo fulô, ê, tá caindo fulô
Tá caindo fulô, ê, tá caindo fulô
Lá do céu cá na terra, ê, tá caindo fulô"

Eu não vou estar aqui
Mais nunca vou me esquecer
O calor que recebi
Dou de volta pra você

"Tá caindo fulô, ê, tá caindo fulô
Tá caindo fulô, ê, tá caindo fulô
Lá do céu cá na terra, ê, tá caindo fulô"

Vou me embora, vou me embora
Deixo aqui meu coração
Vou saindo em plena aurora
Deixando fulô no chão

"Tá caindo fulô, ê, tá caindo fulô
Tá caindo fulô, ê, tá caindo fulô
Lá do céu cá na terra, ê, tá caindo fulô"









terça-feira, 20 de maio de 2014

O mundo, em 1570



Van Duzer procurou traçar a origem dos monstros marinhos dos “Mappas Mundi” europeus medievais, mapas náuticos e da “Geografia” de Ptolomeu.




domingo, 18 de maio de 2014

Ciberespaço


"A matrix tem suas raízes em games de fliperama primitivos", disse uma voz em off, "nos primeiros programas gráficos e experiências militares com plugues cranianos." No Sony, uma guerra espacial bidimensional desvanecia atrás de uma floresta de samambaias geradas matematicamente, demonstrando as possibilidades espaciais de espirais logarítmicas; resquícios de filmes militares azulados e queimados, animais de laboratório conectados por fios a sistemas de teste, capacetes alimentando circuitos de controle de tanques e aviões de guerra. "Ciberespaço. Uma alucinação consensual vivenciada diariamente por bilhões de operadores autorizados, em todas as nações, por crianças que estão aprendendo conceitos matemáticos... uma representação gráfica de dados abstraídos dos bancos de todos os computadores do sistema humano. Uma complexidade impensável. Linhas de luz alinhadas no não espaço da mente, aglomerados e constelações de dados. Como luzes da cidade, se afastando..."
(WILLIAM, Gibson. Neuromancer. São Paulo: Aleph, 2008. p. 77)




É outono. Alguém pode avisar os ipês?



E então, Brasília foi construída. Do material utilizado, os principais foram concreto, céu e ipês...




sábado, 17 de maio de 2014

O médico e o físico amantes do cinema, e a antiga sala da Cultura Inglesa, em Brasília


A pequena sala da Cultura Inglesa, em Brasília, foi palco de memoráveis momentos do cinema na capital federal. Fui frequentadora assídua, nos anos 80, de toda sua programação. Hoje dou-me conta de que encontrei, ali, a primeira grande escola de cinema, aberta às diferenças, às divergências, à diversidade mais radical. A programação era assinada pelo Da Mata, e o Zé ficava à porta, recolhendo os ingressos. Todos brincavam dizendo que ele tinha bebido tanto, que já alcançara um estado alcoolizado permanente. Por isso mesmo alguns o chamavam de Zé do Brejo. O fato é que ele conhecia toda a programação, e o público que frequentava a sala. Tinha assunto para conversar com todos, e dava conta da vida de cada um.

Acho que foi em 1983, houve um festival com filmes de curta metragem, experimentais. O público votaria suas preferências. Assisti a todos. Foi quando pudemos acompanhar o impagável filme Cruviana, do físico amante do cinema, José Acioli. Inesquecível, lamento que não tenha sido digitalizado, para ser degustado pelas novas gerações imersas nas imagens digitais.

Meio dissimulado dentre os demais, havia um filme a cujo título não cheguei a dar muita atenção. Era um nome científico, da área médica. Cheguei a imaginar que tivesse sido apropriado, para dar nome a alguma história psicodélica. Sabe-se lá o que se passa na cabeça de cineastas experimentais, não é? 

Mas todos foram surpreendidos ao constatar que se tratava de um filme que correspondia ao título ao pé da letra: Mastectomia subcutânea, de Jorge Martins, era o registro, sem cortes, de uma cirurgia de retirada de mama, em cru, ali, à vista de artistas, intelectuais, gentes mais ligadas às metáforas da vida. Uma parte da platéia se retirou, durante a projeção. Uns, por acharem um acinte à arte do cinema incluir no festival uma coisa daquelas. Outros por não resistirem a visão do corpo cortado, da mama dilacerada, da pele solta e a mão do cirurgião enfiando-se entre a carne morna e cheia de sangue. 

Três décadas depois desse episódio, no grupo de que faço parte, com pessoas dispostas a aprender a operar com as ferramentas para edição de vídeo digital, há um médico cirurgião. Ele se queixa, relatando que não encontrara ninguém da área que acolhesse a ideia de editar seus vídeos de cirurgias, para que ele possa usar nas aulas. Por essa razão, decidiu-se a ganhar autonomia, e fazer ele mesmo. Foi inevitável, lembrei-me imediatamente do filme Mastectomia subcutânea.

Fazendo uma rápida incursão na internet, buscando informações a respeito, localizei uma dissertação que trata de filmes realizados em Brasília, desde os anos 1960, até o início dos anos 2000. A ênfase do estudo está na necessidade de se organizar uma cinemateca da cidade, para preservar essa produção - pauta essa que, de urgente, já se encontra em atraso injustificável. Entre os filmes listados, está o delicioso Cruviana, bem como Mastectomia subcutânea. Trata-se da dissertação intitulada Preservação de Acervos Fílmicos no Distrito Federal, defendida por Angélica Gasparotto de Oliveira, no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, em 2013, com a orientação da Profª Drª Miriam Paula Manini.

Fiquei muito contente ao encontrar esse material. Tomara que ele seja, de fato, um contributo para o estabelecimento de políticas públicas que visem à preservação da filmografia de Brasília. Contei a história ao meu colega médico, que anda muito entusiasmado com a nova função de edição de vídeos. 

Mas eu gostaria, mesmo, era de rever o curta metragem Cruviana...

A propósito, aos que andam, por aí, viajando de noite, tenham muito cuidado, para não encontrar a cruviana, estando desprevenidos!




sexta-feira, 16 de maio de 2014

Salvemos a Biblioteca Demonstrativa de Brasília, patrimônio nosso!





Levei toda a documentação indicada para solicitar o registro de meu livro. À entrada, um funcionário, com uma gentileza incomum, indicou-me a roleta de acesso, e a sala onde eu seria atendida. Ali, uma moça simpática estava recebendo a documentação de um senhor, visivelmente emocionado, trajando terno cinza escuro, camisa clara e gravata. Os sapatos impecavelmente engraxados e o cabelo cuidadosamente penteado eram sinais inequívocos da importância ritual daquele momento para o candidato a escritor. Uma solenidade. Aguardei até que a moça concluísse o procedimento. Então ele, alegre, perguntou se eu me importaria de aguardar ainda mais alguns minutos, para que a moça fizesse um retrato dele à frente da Biblioteca, para registrar aquele momento memorável. Afinal, não é todo dia que a gente traz um livro da gente para fazer o registro autoral, não é? Eu sorri, solidária com seu sentimento, e fiquei aguardando. Quando ambos retornaram, ele me agradeceu mais uma vez pela paciência, e perguntou-me, cúmplice, se eu também estava ali para registrar um livro meu. Sentiu-se acompanhado, com a minha afirmativa, e saiu da sala, e da Biblioteca, radiante.



Perguntei se ela fazia muitas fotos dos autores que traziam seus livros para registrar. Isso é todo dia, respondeu-me, compreensiva e suave. Principalmente com aqueles que vêm do interior, para quem o registro de uma obra literária é motivo de orgulho, e uma aventura, completou.



De alguma forma, senti que talvez eu tivesse perdido alguma faísca de encantamento pelo caminho, pois já não me sentia exatamente comovida por estar solicitando, também, o registro de um livro meu. Por outro lado, sentia-me, sim, comovida por testemunhar aquele momento, com o autor desconhecido, seu livro, a funcionária da Biblioteca, e o ambiente acolhedor – embora despretensioso – da Biblioteca Demonstrativa de Brasília. Ressalte-se a importância de tê-la, na região Centro-Oeste. Ao lado da Biblioteca Nacional, do Rio de Janeiro, ela integra a Fundação Biblioteca Nacional, ligada ao Ministério da Cultura. O senhor de terno cinza tinha razão de estar comovido naquele momento.



Quando saí dali, sentia-me feliz, por me saber usuária de uma instituição pública que, sem estardalhaço, cumpre seu papel social, cultural, educativo, de modo tão competente, elegante, humano, no decurso do tempo, de longo tempo, e cujos funcionários têm orgulho de fazer o que lhes compete!



Sinto-me profundamente entristecida hoje, ao saber que o prédio da Biblioteca foi interditado. Não são novidade todas as pressões políticas que concorrem para a ocupação do lugar por interesses outros, escusos. Isso agrava as preocupações.



Talvez eu tenha perdido, mesmo, uma boa oportunidade de também fazer um retrato à frente da Biblioteca. Talvez eu deva fazer um, agora, com as fitas de interdição, e os cartazes assinados por funcionários e pela comunidade, todos preocupados com os destinos da Biblioteca...








quarta-feira, 14 de maio de 2014

Falta? Do que, mesmo?


Lá pelos meus 3 a 4 anos, eu tinha um amiguinho de mesma idade. Uma vez, no quintal de casa, resolvemos descobrir como era o corpo um do outro. Eu achei tão estranho ele não ter um buraquinho escondido para fazer xixi, mas um rabinho no lugar. Na falta do buraquinho, achei que talvez o umbigo dele cumprisse a função, numa espécie de estranho desvio.

Nesse caso, desafiando Freud, não senti inveja do pênis do meu amigo. Entendi que aquela protuberância se tratava de um defeito de que ele era portador, coitado... Fiquei solidariamente preocupada...




terça-feira, 13 de maio de 2014

Pérolas de filmes de ação


Primeira pérola
No filme 6 balas, de Ernie Barbarash, lançado em 2013, Jean-Claude Van Damme, um senhor já de meia idade, interpreta um mercenário não menos furioso que todas as outras mesmas personagens já interpretadas. Depois de ter matado algumas dúzias de bandidos, e explodido quase uma dúzia de construções, ainda resta um último malfeitor. Este está numa igreja, e posta-se no confessionário, para reconhecer seus erros:
– Padre, eu pequei. É verdade que Deus perdoa até mesmo um crime?
– Talvez Deus perdoe, mas eu não! – decreta o próprio Jean-Claude Van Damme, ocupando o lugar do padre, antes de enfiar uma bala na testa do algoz.

Segunda pérola
No filme Stallone Cobra, de George Pan Cosmatos, lançado em 1986, Sylvester Stallone vive um policial escalado para missões de alto risco, Marion Cobretti, conhecido como o Cobra. Em uma das cenas iniciais, um bandido invadiu um supermercado, destruiu metade das prateleiras e gôndolas com mercadorias, e tomou uma moça como refém. Cobretti, o Cobra, sempre frio e determinado, posicionou-se para deter o bandido a qualquer preço.
– Eu vou matá-la! Eu vou explodir tudo isto aqui! – vociferou o bandido, pretendendo intimidá-lo.
– Vá em frente, eu não faço compras aqui mesmo! – respondeu um Stallone quase indiferente, antes de deflagrar, no supermercado, um estrago ainda maior que o feito pelo próprio bandido.

Terceira pérola
No filme Eixo da morte, realizado em 1997, dirigido e interpretado por Afonso Brazza, sua personagem, depois de ter matado, sozinho, algumas dezenas de bandidos, desabafa para a mocinha, sua musa Claudete Joubert:
– Agora vou partir, vou viver junto com os animais, eles não têm maldade no coração. Vamos. Mas sempre tem a verdade. Nem Cristo escapou dos inimigos. Agora eu lhe pergunto: pra quê tanta violência? Pra quê matar, destruir a vida do próximo, sabendo que somos todos irmãos, na paz, na alegria e na tristeza. Meus Deus, eu não lhe peço perdão, por que isso eu não mereço, mas lhe peço: perdoe o resto do mundo. Deus escreve certo por linhas tortas.




terça-feira, 6 de maio de 2014

Domingo à tarde, com Lara: agenciamentos


 p/ Gladstone e Nana,
 amigos de tanto tempo.
 E a pequena Lara,
 que acabei de conhecer.

– Vamos brincar?
– Olha como o sol está bonito, no quintal! Vamos lá, caminhar um pouco?
– Depois você brinca de casinha comigo?
– Brinco. Vem cá: olha o pé de acerola, está carregado!
– Não me dê essa acerola para comer! Faz uma cara de arrepio.
– Por que?
– Não gosto de acerola!
Experimento uma, bem vermelhinha. – Ui, azeeeda!
Ela ri. – Eu falei! Vamos brincar de casinha?
– Espere, quero ver que árvores tem aqui no quintal.
– TODAS? Ai, ai...
– Olha as folhas desta, como são bonitas!
– Que árvore é esta?
– Não sei o nome...
– Então tá. Agora vamos brincar?
– Calma! E aquelas folhas vermelhas? Ficam lindas com a luz do sol, não é?
– Né. Então, agora vamos brincar?
– Você viu que tem uma goiabeira ali?
– Eu ADORO goiaba! A gente pode comer goiaba?
– Se tiver, sim! Vamos ver? Xiii... Não tem goiaba... Não é tempo de frutas...
– Ah, então vamos brincar de casinha?
– Mas tem pinha! Está bem madurinha...
– Eu não gosto...
– Ixi, olhe o Joãozinho de Barro!
– Cadê?
– Aí, atrás de você! Voou para perto da mesa!
– É mesmo! Sorri. – Vamos brincar?
Chegamos à mesa, onde estão postos seus brinquedos.
– O que vamos fazer?
– Vamos dar comidinha para a Barbie!
– O que ela vai comer?
– Você vai me dando os pratinhos, e eu vou preparando a comidinha. Aí você vai saber o que é.
– Aqui o primeiro pratinho. O que tem aqui?
– Iogurte! Pode me dar o outro.
– Qual? O verde?
– Não, o amarelo.
– Aqui. O que tem nele?
– Banana. Agora me dá o verde!
– Aqui. O que tem nele?
– Abacaxi.
– Hummm que gostoso. Só falta um pratinho. Posso lhe entregar?
– Sim! É beterraba!
– Beterraba? Iogurte, banana, abacaxi e beterraba? Eca!
– Não é eca não. A Barbie gosta! Quer ver?
Lara pega a boneca, e começa a lhe dar a comidinha imaginária.
– nham, nham, nham...
Parece que a Barbie gosta dessa mistura mesmo...





sábado, 3 de maio de 2014

Os Estados-feudos contemporâneos


Na Europa da Idade Média, os feudos estabeleciam as relações geopolíticas, em torno de reis, seus castelos e riquezas, e seus súditos.

A ascensão da burguesia, com a bandeira da liberdade empunhada, evocando a democracia, instalou de modo irrevogável a instituição do Estado-nação como unidade de organização primaz dos povos – a partir da visão eurocêntrica.

O Estado como superação dos feudos.

O entrecruzamento da instauração do Estado, dos processos de industrialização e do capitalismo resultou no esboço do que passou a ser a noção de cidadania. Evocou-se o direito à escolarização para todos, bem como ao ingresso no mercado de trabalho e ao poder de compra de todos os itens produzidos nesse mercado. Direitos: a palavra de ordem.

Esse cidadão só não tem direito a existir fora do Estado. A condição cidadã assim esboçada é condição única, não há opção B, ou nenhuma dessas alternativas. Em contrapartida, o cidadão deve financiar o Estado: na forma das taxas, dos impostos compulsórios, financia a estrutura estatal, que funciona por meio de mecanismos e acordos situados muito além dos círculos nos quais tem autorização para circular. Mas ele ainda crê em seu poder, em sua autonomia de decisão, no poder do voto para a representação de seus interesses e pontos de vista...

Estudos recentes apontam a corrupção como um dos grandes problemas que minas as estruturas de todos os Estados-nação contemporâneos, sem exceção, não importa se em governos de esquerda ou de direita. Sem, mesmo, excluir os paladinos da moral internacional e defensores da democracia: a Inglaterra e os Estados Unidos da América do Norte. Os impactos desses indicadores são importantes na economia internacional e interdependente, e repercute significativamente na vida das pessoas comuns (mesmo quando não se tenha noção disso). 

Os maiores montantes desviados pela corrupção resultam da sonegação de impostos por parte dos poucos – pouquíssimos – que concentram a maior parte do capital do planeta. Afinal, é sabido que uma parcela mínima da população planetária concentra mais que 90% do capital circulante.

Assim, temos os Estados-nação à direita e à esquerda, articulados ao capital – que é transnacional, e desconsidera fronteiras geopolíticas – a reordenar os feudos em eras que se pretendem pós-modernas, ou pós-históricas...

Ao que tudo indica, a era das trevas, da Idade Média, ainda não recuou, de fato. E o Iluminismo, a racionalidade, o Estado democrático talvez não tenham passado de delírios coletivos entre os herdeiros da tradição europeia...




sexta-feira, 2 de maio de 2014

garoto-propaganda


...
quando o poeta que um dia foi marginal
nutrido à margem dos fluxos hegemônicos
assina contrato e comparece
como garoto-propaganda
do governo de Estado
suspiro, e penso: tá tudo dominado!
...



aos que ainda teimam em nutrir esperança
 nalguma utopia esquecida por aí,
 nalguma esquina que não há,
 em Brasília...