literatices... letras para nada, talvez para tudo... imagens de nada, que podem ser de tudo... matutações... penseros... rabiscações... daquilo que vejo... ou não... porque tomo assento neste tempo quando a humanidade produz vertiginosamente letras, símbolos e imagens, em busca de sentidos, quaisquer que sejam... ou não...
segunda-feira, 25 de novembro de 2013
sexta-feira, 22 de novembro de 2013
quarta-feira, 20 de novembro de 2013
Saudades do Futuro: sumário
Sumário
11
I. Saudades do futuro: metáfora
para uma questão sociológica
21
II. Os multiversos do cinema de
ficção científica: percursos
41
III. Os filmes de ficção
científica, suas cidades e habitantes
113
IV. Controle do comportamento
social: o futuro em questão?
183
V. O futuro, “nós” e “os outros”
259
VI. A ficção científica no cinema
e a questão do imaginário social
283
Referências
291
Filmografia
sábado, 16 de novembro de 2013
sexta-feira, 15 de novembro de 2013
um dedinho machucado... e outras histórias para contar
para Amanda Gabrielli
Cheguei à rodoviária bem antes do horário do meu ônibus. No
box onde eu embarcaria, havia certa confusão, decorrente de certo atraso dos
ônibus. Resolvi aguardar acomodada na sala destinada aos passageiros dos ônibus
executivos. À minha frente, do outro lado da sala, um casal de meia idade, e
uma menininha com uns 4 anos, inquieta, agitada. A avó estava irritada com ela,
querendo que ficasse sentada. Mas a menina mexia em tudo, sempre repreendida –
o que não surtia muito efeito. O avô observava o movimento, indiferente ao
desconforto da esposa, ou à agitação da menina.
Sentada do outro lado da sala, constatei o que se
passava. Passados alguns instantes, a menina veio até mim, sentou-se ao meu
lado, e mostrou-me o dedinho, queixando-se: “está machucado...”. A avó agiu
prontamente, vindo buscá-la, para que se sentasse perto dela. Decidi não
contrariar a autoridade da avó, e sugeri a ela “vá sentar-se com sua avó, meu
amor”. Do outro lado, ela choromingou, e começou a chupar o dedo. Como eu ainda
tinha tempo, decidi ir à revistaria, comprar o jornal. Enquanto eu saía pela
porta, ouvi sua voz “vovó, ela está indo embora”. A avó fez algum comentário
justificando minha saída.
Algum tempo depois, retornei. À porta da sala, avistei
seu sorriso largo e os olhos brilhantes quando me avistou. Sorri para ela. Sentei-me
num lugar livre, próximo dela. Ela deslizou rapidamente, para ficar ao meu
lado. Mostrou-me novamente o dedinho machucado. Examinei. A cutícula estava
magoada, um pouco avermelhada. Ela queixou-se, dizendo que tinha sangue. Expliquei
que não era sangue. E brinquei com ela, dizendo que o sangue estava lá dentro,
na barriga, na perna, na cabeça. E ia cutucando-a, enquanto ela se contorcia
com cócegas e ria. Lembrei-me de mostrar a ela o pulso, e tentar fazer com que
ela sentisse a pulsação. Coloquei o dedinho sobre a artéria. “Sentiu?”. Acenou que
não, com a cabecinha. Ajustei a posição do dedinho, e a pressão. Ela arregalou
os olhos cor de mel, sorriu e disse “Senti!”. Experimentou de novo. Correu para
fazer a avó sentir, e o avô. Logo estava apalpando o pulso dos dois, para
sentir sua pulsação. A avó e o avô também riam com a descoberta. Talvez também
eles nunca tivessem sentido o próprio pulso.
Depois de algum tempo, voltou a sentar-se ao meu lado. Como
eu conversava ao telefone, deitou-se, colocou a cabeça no meu colo, agarrou,
com uma das mãos, uma dobra da minha calça comprida, e pôs-se a chupar o dedo
da outra mão.
Quando terminei o telefonema, meu ônibus já estava
posicionado para o embarque. Falei-lhe que precisava ir embora. Ela segurou
minha calça, e disse que não queria que eu fosse. Expliquei que ia verificar se
aquele era mesmo o meu ônibus, e voltaria para falar com ela. Deixou-me sair. Ficou
esperando, sentada ao lado da avó. Estava calma. Voltei em seguida. Ela sorriu
largo. Expliquei que era o meu ônibus, e eu embarcaria. Ela perguntou para onde
eu ia. Expliquei que faria uma visita à minha mãe, que estava velhinha. Ela perguntou
se minha mãe estava doente. Disse que sim. Quis saber o nome do médico da minha
mãe, e também o nome dela. Foi encompridando conversa, para adiar minha saída. Beijei
sua testa dourada. Despedi-me. À porta, acenei. Ela jogou-me um beijo. Sorria,
contente.
Amanda Gabrielli, o seu nome. O rosto miúdo ficou
registrado na memória. O mais provável é que não volte a encontrá-la...
terça-feira, 12 de novembro de 2013
Experiências estéticas e cognitivas mediadas por imagens digitais - dissertação
Sessão pública de defesa da dissertação de Dilma Klem, no dia 18 de novembro de 2013, às 14h30, no Programa de Pós-Graduação em Arte e Cultura Visual.
Título: Experiências estéticas e cognitivas mediadas por imagens digitais
Orientação: Profa. Dra. Alice Fátima Martins
Ela é a primeira mestranda a submeter sua dissertação à banca de defesa, no grupo que forma a turma conveniada entre UNIMONTES e UFG, por meio do MINTER em Arte e Cultura Visual.
Transmissão online pelos links:
http://bit.ly/defesas
ou
http://www.fav.ufg.br/culturavisual/index.php?sessao=transmissoes
Contamos com vocês!
Título: Experiências estéticas e cognitivas mediadas por imagens digitais
Orientação: Profa. Dra. Alice Fátima Martins
Ela é a primeira mestranda a submeter sua dissertação à banca de defesa, no grupo que forma a turma conveniada entre UNIMONTES e UFG, por meio do MINTER em Arte e Cultura Visual.
Transmissão online pelos links:
http://bit.ly/defesas
ou
http://www.fav.ufg.br/culturavisual/index.php?sessao=transmissoes
Contamos com vocês!
quarta-feira, 6 de novembro de 2013
saudades
Que seu espírito alegre de menino siga seu caminho de luz! Saudades dos que ficam.
Nesta foto, o registro do momento quando ele nos pregou uma peça.
Tínhamos acabado de chegar de viagem.
Tínhamos acabado de chegar de viagem.
Disfarçado de mendigo, para pedir comida, veio bater à porta de casa,
depois de montar a personagem com todo cuidado.
A sua benção, meu tio!
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O caminho da vida
A perda de um irmão
Deixa marcas no coração
Que se esquece jamais.
Quantas perdas de fato existem,
E, se irmãos sofrem tristes
Imaginem só a dor dos pais!
Embora sabendo que a vida
Tem sua chegada e sua saída
Ninguém se conforma com a morte!
A perda de um ente querido
Faz-nos sempre tristes, sofridos ...
Tantos os fracos como os fortes.
Nas orações entrego a Deus
Que se faça o melhor para os meus;
O que lhes for bom será também para mim.
Se a morte for a melhor salvação
Não deveremos ser contra, não!
A vida ... um dia ... chegará ao seu fim.
A vida ... nasce, cresce,
Floresce, frutifica, amadurece,
Envelhece e encerra sua missão.
Ela, em si, é a divina realidade;
Não acaba, não morre de verdade ...
É eterna, tem sua renovação.
A todos os irmãos amigos e amigos irmãos
O meu amor, o meu carinho e a minha gratidão.
Alice Vieira Martins
Brasília (DF), 06/11/2013
domingo, 3 de novembro de 2013
sábado, 2 de novembro de 2013
Primeiro rascunho para um manual básico de meditação
exercício
destinado a usuários
que têm preservados todos os sentidos,
que têm preservados todos os sentidos,
e gostam de maçã.
Reserve alguns minutos de seu dia para meditar. Lave bem
uma maçã sadia, apetitosa. Sente-se nalgum lugar onde você possa ouvir os sons
que vêm de fora, e também os que vêm de dentro de casa. Se houver alguma brisa,
tanto melhor. Verifique se você se sente confortável. Apoie a maçã com as duas
mãos à frente do seu rosto. Observe sua forma, sua cor. Sinta seu cheiro, e
feche os olhos. Continue buscando identificar o cheiro da maçã, e sentir sua forma com as mãos. Ao mesmo tempo, abra os seus
ouvidos aos sons que lhe chegam. Note que eles vêm e passam: a voz dalgum
vizinho, um cão, pássaros em algazarrara, um piado mais sutil e mais distante,
um carro cruza de lá para cá, uma música serpenteia o espaço, algum motor
impertinente, sua respiração... e o cheiro da maçã, diante do seu rosto, entre
suas mãos. Quando decidir dar a primeira mordida, não perca a oportunidade de
sentir sua forma e densidade com os lábios e os dentes. Sinta a resistência de
sua polpa, e o sabor que invade a boca. Não deixe de sugar seu sumo. Mastigue lentamente.
Perceba que, ao trabalhar com o lado esquerdo da mandíbula, você ouve sua
mastigação com o ouvido esquerdo. Mova o pedaço da maçã para o lado direito, e
ouça a mastigação com o ouvido direito. Vá alternando os lados. Não parta para a
próxima mordida em seguida. Faça uma pausa. Observe novamente as informações
sonoras, táteis, olfativas que lhe chegam. Quando sentir vontade, volte à maçã.
Com os lábios, sinta o corte deixado por sua primeira mordida. E escolha onde
voltará a mordê-la. Siga saboreando-a, aos poucos, sem pressa, e saboreando as
sensações que lhe chegam aos demais sentidos. Apesar dos olhos fechados, haverá,
também, oscilações na luminosidade filtrada pelas pálpebras. Provavelmente elas
chamem a sua atenção. Observe-as, enquanto segue, mordida a mordida. Quando chegar
próximo ao eixo central da maçã, verifique, com dentes e lábios, se ainda resta
alguma polpa para ser saboreada. Ao final, relaxe os braços e as mãos. Perceba o
sabor que permaneceu na boca, e a sensação de seu estômago que inicia o
processo digestivo da fruta. Respire fundo. Ouça os sons à sua volta. Delicie-se
por algum tempo, até sentir vontade de abrir os olhos.
Tessituras no Ensino de Artes Visuais - Teias e tramas em Montes Claros
A todos quantos se deixaram ser criança,
para brincar e tramar desenhos aéreos com fios,
retalhos, cordões, gestos, risos e imaginação!
Pela manhã, o primeiro grupo se organizou, pegou os
materiais, munido das instruções e motivações, saiu para o jardim. Todos estavam
dispostos a fazer tramas entre as árvores, os gradis, e demais estruturas
arquitetônicas com que pudessem interagir.
Curiosos começaram a chegar para ver o que estava
acontecendo. Alguns professores de artes plásticas olhavam de modo enviesado. Professores
e alunos de teatro animaram-se com a novidade, e integraram o grupo, ampliando
possibilidades para a enorme teia que foi se estendendo. Os retalhos de malha e
outros tecidos, amarrados entre si, entrelaçados, flexíveis, aceitavam formas, demarcando
desenhos aéreos, pendendo do alto, deixando-se balançar com o vento, caindo ao
chão para formar mosaicos coloridos e brincantes.
Entre os que estavam imersos na teia e os que observavam desde a área externa havia uma enorme distância no tocante à experiência. De fora, parecia impossível
compreender o que acontecia ali dentro, embora estivessem a poucos metros, ou menos ainda, uns dos outros.
Na teia, todos estavam absortos, e movidos por uma
disposição lúdica, prazerosa. Uns trabalhavam mais sós. Outros, em duplas,
desenvolviam pequenos projetos que se integravam ao todo. Outros interagiam com
todos, trançando de todos os lados.
Na rampa e no estacionamento, transitavam olhares de estranhamento, outros instigados. Uns
faziam de conta que estavam participando, ali, na borda, sem se arriscar muito,
dando um e outro nó no corrimão, enquanto tentavam entender. As conversas iam se
desenrolando... “A reitoria vai pensar que é uma manifestação dos grevistas,
que amanhã farão paralisação na universidade...” “Qual a mensagem? Os trapos representam
os salários dos professores?” “Eu me identifiquei totalmente com esse trabalho!
Estou comovida! É a condição da educação no país: um lixo!”
Duas senhoras que trabalham no setor de limpeza da
faculdade chegaram à porta, para ver o movimento. Uma se assustou “Xiiiiiiiiii!” A outra,
adiantando-se na explicação, para evitar que a colega cometesse alguma gafe, cochichou “É arte!” Ficaram ali, por algum tempo, provavelmente
pensando que teriam serviço extra pela frente, para limpar aquela sujeira
toda...
À tarde, enquanto o segundo grupo dava prosseguimento à intervenção, um rapaz, que tinha observado tudo no turno da
manhã, intrigado, veio perguntar o que aquilo significava. "Qual o sentido?" Devolvi-lhe a pergunta, e ele
fez um longo discurso falando sobre a paralisação dos professores no dia
seguinte, sobre o sucateamento da universidade pública, sobre as péssimas
condições da educação, etc.
Fiquei em dúvida: seria o caso de falar sobre estética relacional, sobre instalação relacional, sobre fenomenologia?... Achei melhor não. Apenas lhe contei que aquela intervenção tinha sido agendada antes de se marcar a paralisação. Ele sorriu. Fiz-lhe, então, a provocação: “Para entender, você vai precisar entrar na teia”. Puxei-o pela mão, e fomos nos enredando pelo espaço tramado. Desvia de uma tira, de um cordão, abaixa, sobe, desvia. Paramos lá no meio. Olhamos à volta. Peguei a ponta de um retalho, e convidei: “Pode amarrar”. “Mas... assim? Posso?” “Claro! Qualquer um pode entrar aqui e tomar parte. Esse é o trabalho. Pense que o que você está vendo é uma espécie de materialização de um pouco das relações entre as pessoas que aqui estiveram, enquanto aqui estiveram... faça sua marca também!” Saí, e deixei que ele sozinho brincasse um pouco.
Fiquei em dúvida: seria o caso de falar sobre estética relacional, sobre instalação relacional, sobre fenomenologia?... Achei melhor não. Apenas lhe contei que aquela intervenção tinha sido agendada antes de se marcar a paralisação. Ele sorriu. Fiz-lhe, então, a provocação: “Para entender, você vai precisar entrar na teia”. Puxei-o pela mão, e fomos nos enredando pelo espaço tramado. Desvia de uma tira, de um cordão, abaixa, sobe, desvia. Paramos lá no meio. Olhamos à volta. Peguei a ponta de um retalho, e convidei: “Pode amarrar”. “Mas... assim? Posso?” “Claro! Qualquer um pode entrar aqui e tomar parte. Esse é o trabalho. Pense que o que você está vendo é uma espécie de materialização de um pouco das relações entre as pessoas que aqui estiveram, enquanto aqui estiveram... faça sua marca também!” Saí, e deixei que ele sozinho brincasse um pouco.
Entreti-me com os demais participantes. Até que o rapaz
me chamou, para mostrar o que fizera. Montara uma espécie de S sobre uma base
feita por outra pessoa. Disse-me que era um cifrão. Pesavam-lhe as inquietações com as questões políticas e econômicas do país, entre elas as referentes aos salários dos professores. Sorriu, meio tímido,
defendendo-se: “Não sei se as pessoas vão entender o que eu tentei fazer”. Então
pude comentar sobre o que ocorrera com a interpretação feita por ele, no primeiro momento, sobre a instalação: “As
pessoas poderão ver a partir dos repertórios de cada um, do mesmo modo que você fez quando
chegou aqui: preocupado com a paralisação, criou uma narrativa para a
instalação a partir dessa motivação. O que motivará cada pessoa, quando vir
esse S? Será que as pessoas verão um S aí?”
Sorrindo, me disse que precisava voltar para a aula. “Você
está matando aula?!” Estava. Saiu correndo, o gesto alegre.
Do outro lado do estacionamento, grupos adornavam
palmeiras, envolviam troncos com cascas ásperas, enovelavam galhos, faziam redes e tranças, e se debatiam com
abelhinhas arapuá, que insistiam em se enredar nos cabelos dos participantes...
o que não deixava de ser outra modalidade de tramas e nós...
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