quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Saudades do Futuro: sumário




Sumário

11
I. Saudades do futuro: metáfora para uma questão sociológica

21
II. Os multiversos do cinema de ficção científica: percursos

41
III. Os filmes de ficção científica, suas cidades e habitantes

113
IV. Controle do comportamento social: o futuro em questão?

183
V. O futuro, “nós” e “os outros”

259
VI. A ficção científica no cinema e a questão do imaginário social

283
Referências

291
Filmografia





sexta-feira, 15 de novembro de 2013

um dedinho machucado... e outras histórias para contar

para Amanda Gabrielli

Cheguei à rodoviária bem antes do horário do meu ônibus. No box onde eu embarcaria, havia certa confusão, decorrente de certo atraso dos ônibus. Resolvi aguardar acomodada na sala destinada aos passageiros dos ônibus executivos. À minha frente, do outro lado da sala, um casal de meia idade, e uma menininha com uns 4 anos, inquieta, agitada. A avó estava irritada com ela, querendo que ficasse sentada. Mas a menina mexia em tudo, sempre repreendida – o que não surtia muito efeito. O avô observava o movimento, indiferente ao desconforto da esposa, ou à agitação da menina.

Sentada do outro lado da sala, constatei o que se passava. Passados alguns instantes, a menina veio até mim, sentou-se ao meu lado, e mostrou-me o dedinho, queixando-se: “está machucado...”. A avó agiu prontamente, vindo buscá-la, para que se sentasse perto dela. Decidi não contrariar a autoridade da avó, e sugeri a ela “vá sentar-se com sua avó, meu amor”. Do outro lado, ela choromingou, e começou a chupar o dedo. Como eu ainda tinha tempo, decidi ir à revistaria, comprar o jornal. Enquanto eu saía pela porta, ouvi sua voz “vovó, ela está indo embora”. A avó fez algum comentário justificando minha saída.

Algum tempo depois, retornei. À porta da sala, avistei seu sorriso largo e os olhos brilhantes quando me avistou. Sorri para ela. Sentei-me num lugar livre, próximo dela. Ela deslizou rapidamente, para ficar ao meu lado. Mostrou-me novamente o dedinho machucado. Examinei. A cutícula estava magoada, um pouco avermelhada. Ela queixou-se, dizendo que tinha sangue. Expliquei que não era sangue. E brinquei com ela, dizendo que o sangue estava lá dentro, na barriga, na perna, na cabeça. E ia cutucando-a, enquanto ela se contorcia com cócegas e ria. Lembrei-me de mostrar a ela o pulso, e tentar fazer com que ela sentisse a pulsação. Coloquei o dedinho sobre a artéria. “Sentiu?”. Acenou que não, com a cabecinha. Ajustei a posição do dedinho, e a pressão. Ela arregalou os olhos cor de mel, sorriu e disse “Senti!”. Experimentou de novo. Correu para fazer a avó sentir, e o avô. Logo estava apalpando o pulso dos dois, para sentir sua pulsação. A avó e o avô também riam com a descoberta. Talvez também eles nunca tivessem sentido o próprio pulso.

Depois de algum tempo, voltou a sentar-se ao meu lado. Como eu conversava ao telefone, deitou-se, colocou a cabeça no meu colo, agarrou, com uma das mãos, uma dobra da minha calça comprida, e pôs-se a chupar o dedo da outra mão.

Quando terminei o telefonema, meu ônibus já estava posicionado para o embarque. Falei-lhe que precisava ir embora. Ela segurou minha calça, e disse que não queria que eu fosse. Expliquei que ia verificar se aquele era mesmo o meu ônibus, e voltaria para falar com ela. Deixou-me sair. Ficou esperando, sentada ao lado da avó. Estava calma. Voltei em seguida. Ela sorriu largo. Expliquei que era o meu ônibus, e eu embarcaria. Ela perguntou para onde eu ia. Expliquei que faria uma visita à minha mãe, que estava velhinha. Ela perguntou se minha mãe estava doente. Disse que sim. Quis saber o nome do médico da minha mãe, e também o nome dela. Foi encompridando conversa, para adiar minha saída. Beijei sua testa dourada. Despedi-me. À porta, acenei. Ela jogou-me um beijo. Sorria, contente.

Amanda Gabrielli, o seu nome. O rosto miúdo ficou registrado na memória. O mais provável é que não volte a encontrá-la...





terça-feira, 12 de novembro de 2013

Experiências estéticas e cognitivas mediadas por imagens digitais - dissertação

Sessão pública de defesa da dissertação de Dilma Klem, no dia 18 de novembro de 2013, às 14h30, no Programa de Pós-Graduação em Arte e Cultura Visual.
Título: Experiências estéticas e cognitivas mediadas por imagens digitais 
Orientação: Profa. Dra. Alice Fátima Martins
Ela é a primeira mestranda a submeter sua dissertação à banca de defesa, no grupo que forma a turma conveniada entre UNIMONTES e UFG, por meio do MINTER em Arte e Cultura Visual.
Transmissão online pelos links:
http://bit.ly/defesas
ou
http://www.fav.ufg.br/culturavisual/index.php?sessao=transmissoes
Contamos com vocês!


quarta-feira, 6 de novembro de 2013

saudades

Que seu espírito alegre de menino siga seu caminho de luz! Saudades dos que ficam.



Nesta foto, o registro do momento quando ele nos pregou uma peça.
 Tínhamos acabado de chegar de viagem.
 Disfarçado de mendigo, para pedir comida, veio bater à porta de casa,
 depois de montar a personagem com todo cuidado.
 A sua benção, meu tio!


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O caminho da vida

A perda de um irmão
Deixa marcas no coração
Que se esquece jamais.
Quantas perdas de fato existem,
E, se irmãos sofrem tristes
Imaginem só a dor dos pais!

Embora sabendo que a vida
Tem sua chegada e sua saída
Ninguém se conforma com a morte!
A perda de um ente querido
Faz-nos sempre tristes, sofridos ...
Tantos os fracos como os fortes.

Nas orações entrego a Deus
Que se faça o melhor para os meus;
O que lhes for bom será também para mim.
Se a morte for a melhor salvação
Não deveremos ser contra, não!
A vida ... um dia ... chegará ao seu fim.

A vida ... nasce, cresce,
Floresce, frutifica, amadurece,
Envelhece e encerra sua missão.
Ela, em si, é a divina realidade;
Não acaba, não morre de verdade ...
É eterna, tem sua renovação.

A todos os irmãos amigos e amigos irmãos
O meu amor, o meu carinho e a minha gratidão.

Alice Vieira Martins

Brasília (DF), 06/11/2013


domingo, 3 de novembro de 2013

Tramas e teias na UNIMONTES, em Montes Claros

A atividade fez parte do III Encontro do Programa Arte na Escola, na UNIMONTES, coordenado pela Profa Dilma Klem, e contou com a participação de professores da Educação Básica de Montes Claros, além de professores e estudantes universitários.
Bons momentos!
















sábado, 2 de novembro de 2013

Primeiro rascunho para um manual básico de meditação

exercício destinado a usuários
 que têm preservados todos os sentidos,
 e gostam de maçã.

Reserve alguns minutos de seu dia para meditar. Lave bem uma maçã sadia, apetitosa. Sente-se nalgum lugar onde você possa ouvir os sons que vêm de fora, e também os que vêm de dentro de casa. Se houver alguma brisa, tanto melhor. Verifique se você se sente confortável. Apoie a maçã com as duas mãos à frente do seu rosto. Observe sua forma, sua cor. Sinta seu cheiro, e feche os olhos. Continue buscando identificar o cheiro da maçã, e sentir sua forma com as mãos. Ao mesmo tempo, abra os seus ouvidos aos sons que lhe chegam. Note que eles vêm e passam: a voz dalgum vizinho, um cão, pássaros em algazarrara, um piado mais sutil e mais distante, um carro cruza de lá para cá, uma música serpenteia o espaço, algum motor impertinente, sua respiração... e o cheiro da maçã, diante do seu rosto, entre suas mãos. Quando decidir dar a primeira mordida, não perca a oportunidade de sentir sua forma e densidade com os lábios e os dentes. Sinta a resistência de sua polpa, e o sabor que invade a boca. Não deixe de sugar seu sumo. Mastigue lentamente. Perceba que, ao trabalhar com o lado esquerdo da mandíbula, você ouve sua mastigação com o ouvido esquerdo. Mova o pedaço da maçã para o lado direito, e ouça a mastigação com o ouvido direito. Vá alternando os lados. Não parta para a próxima mordida em seguida. Faça uma pausa. Observe novamente as informações sonoras, táteis, olfativas que lhe chegam. Quando sentir vontade, volte à maçã. Com os lábios, sinta o corte deixado por sua primeira mordida. E escolha onde voltará a mordê-la. Siga saboreando-a, aos poucos, sem pressa, e saboreando as sensações que lhe chegam aos demais sentidos. Apesar dos olhos fechados, haverá, também, oscilações na luminosidade filtrada pelas pálpebras. Provavelmente elas chamem a sua atenção. Observe-as, enquanto segue, mordida a mordida. Quando chegar próximo ao eixo central da maçã, verifique, com dentes e lábios, se ainda resta alguma polpa para ser saboreada. Ao final, relaxe os braços e as mãos. Perceba o sabor que permaneceu na boca, e a sensação de seu estômago que inicia o processo digestivo da fruta. Respire fundo. Ouça os sons à sua volta. Delicie-se por algum tempo, até sentir vontade de abrir os olhos.




Tessituras no Ensino de Artes Visuais - Teias e tramas em Montes Claros

A todos quantos se deixaram ser criança,
 para brincar e tramar desenhos aéreos com fios,
 retalhos, cordões, gestos, risos e imaginação!


Pela manhã, o primeiro grupo se organizou, pegou os materiais, munido das instruções e motivações, saiu para o jardim. Todos estavam dispostos a fazer tramas entre as árvores, os gradis, e demais estruturas arquitetônicas com que pudessem interagir.

Curiosos começaram a chegar para ver o que estava acontecendo. Alguns professores de artes plásticas olhavam de modo enviesado. Professores e alunos de teatro animaram-se com a novidade, e integraram o grupo, ampliando possibilidades para a enorme teia que foi se estendendo. Os retalhos de malha e outros tecidos, amarrados entre si, entrelaçados, flexíveis, aceitavam formas, demarcando desenhos aéreos, pendendo do alto, deixando-se balançar com o vento, caindo ao chão para formar mosaicos coloridos e brincantes.

Entre os que estavam imersos na teia e os que observavam desde a área externa havia uma enorme distância no tocante à experiência. De fora, parecia impossível compreender o que acontecia ali dentro, embora estivessem a poucos metros, ou menos ainda, uns dos outros.

Na teia, todos estavam absortos, e movidos por uma disposição lúdica, prazerosa. Uns trabalhavam mais sós. Outros, em duplas, desenvolviam pequenos projetos que se integravam ao todo. Outros interagiam com todos, trançando de todos os lados.

Na rampa e no estacionamento, transitavam olhares de estranhamento, outros instigados. Uns faziam de conta que estavam participando, ali, na borda, sem se arriscar muito, dando um e outro nó no corrimão, enquanto tentavam entender. As conversas iam se desenrolando... “A reitoria vai pensar que é uma manifestação dos grevistas, que amanhã farão paralisação na universidade...” “Qual a mensagem? Os trapos representam os salários dos professores?” “Eu me identifiquei totalmente com esse trabalho! Estou comovida! É a condição da educação no país: um lixo!”

Duas senhoras que trabalham no setor de limpeza da faculdade chegaram à porta, para ver o movimento. Uma se assustou “Xiiiiiiiiii!” A outra, adiantando-se na explicação, para evitar que a colega cometesse alguma gafe, cochichou “É arte!” Ficaram ali, por algum tempo, provavelmente pensando que teriam serviço extra pela frente, para limpar aquela sujeira toda...

À tarde, enquanto o segundo grupo dava prosseguimento à intervenção, um rapaz, que tinha observado tudo no turno da manhã, intrigado, veio perguntar o que aquilo significava. "Qual o sentido?" Devolvi-lhe a pergunta, e ele fez um longo discurso falando sobre a paralisação dos professores no dia seguinte, sobre o sucateamento da universidade pública, sobre as péssimas condições da educação, etc. 

Fiquei em dúvida: seria o caso de falar sobre estética relacional, sobre instalação relacional, sobre fenomenologia?... Achei melhor não. Apenas lhe contei que aquela intervenção tinha sido agendada antes de se marcar a paralisação. Ele sorriu. Fiz-lhe, então, a provocação: “Para entender, você vai precisar entrar na teia”. Puxei-o pela mão, e fomos nos enredando pelo espaço tramado. Desvia de uma tira, de um cordão, abaixa, sobe, desvia. Paramos lá no meio. Olhamos à volta. Peguei a ponta de um retalho, e convidei: “Pode amarrar”. “Mas... assim? Posso?” “Claro! Qualquer um pode entrar aqui e tomar parte. Esse é o trabalho. Pense que o que você está vendo é uma espécie de materialização de um pouco das relações entre as pessoas que aqui estiveram, enquanto aqui estiveram... faça sua marca também!” Saí, e deixei que ele sozinho brincasse um pouco.

Entreti-me com os demais participantes. Até que o rapaz me chamou, para mostrar o que fizera. Montara uma espécie de S sobre uma base feita por outra pessoa. Disse-me que era um cifrão. Pesavam-lhe as inquietações com as questões políticas e econômicas do país, entre elas as referentes aos salários dos professores. Sorriu, meio tímido, defendendo-se: “Não sei se as pessoas vão entender o que eu tentei fazer”. Então pude comentar sobre o que ocorrera com a interpretação feita por ele, no primeiro momento, sobre a instalação: “As pessoas poderão ver a partir dos repertórios de cada um, do mesmo modo que você fez quando chegou aqui: preocupado com a paralisação, criou uma narrativa para a instalação a partir dessa motivação. O que motivará cada pessoa, quando vir esse S? Será que as pessoas verão um S aí?”

Sorrindo, me disse que precisava voltar para a aula. “Você está matando aula?!” Estava. Saiu correndo, o gesto alegre.

Do outro lado do estacionamento, grupos adornavam palmeiras, envolviam troncos com cascas ásperas, enovelavam galhos, faziam redes e tranças, e se debatiam com abelhinhas arapuá, que insistiam em se enredar nos cabelos dos participantes... o que não deixava de ser outra modalidade de tramas e nós...