Dia de feira. De sacola em punho, fui comprar café moído na hora, radiche, milho verde... Hoje acrescentei à minha pequena lista um maço de hortelã graúda, boa e cheirosa, para colocar na salada. As folhas são aveludadas, grossas. Ao toque, liberam perfume.
- Só tem desta aqui; a que a senhora quer, a hortelã da folha gorda, não tem não.
São conhecidos, para começo de conversa, três tipos: hortelã miúda, hortelã graúda, e esta, a hortelã graúda da folha gorda.
- Essa, onde eu posso encontrar?
- Ah, aqui vai ser difícil. Não vende em feira não. Só tem quem planta em casa...
Uma das feirantes comentou que a avó tem no quintal.
- Traga um maço para mim, então!
- Se eu lembrar... mas eu não vou lá por agora...
Adiante, uma mocinha falou que já viu uma touceira numa casa de sua rua.
- Então, você pode conseguir para mim!
- Mas eu não conheço a dona... A senhora tinha era que plantar para a senhora!
- Como posso plantar se não consigo quem arrume a muda?
Rimos. Voltei sem as folhas de hortelã graúda gorda. Chegando em casa, comentei com minha vizinha o insucesso do meu intento. Ela riu-se:
- Ah, hortelã da folha gorda, só tem quem planta em casa...
Quanto a isso, não há dúvida, é consenso: só tem quem planta em casa.
Agora procuro quem tenha do tempero plantado em casa, para conseguir umas folhas, um galhinho, quem sabe, e plantar num vaso, aqui na varanda.
Não é engraçado como a gente sempre sabe qual é o problema, mas nem sempre entende que é hora de oferecer uma solução? =)
ResponderExcluir