terça-feira, 12 de julho de 2011

Da solidão. ou Quando Yolanda é uma boa companhia.


Coloquei umas roupas na mochila, embarquei no ônibus que iria até Cuiabá, onde fiquei uns dois dias, o suficiente para conhecer a Chapada dos Guimarães. Depois peguei outro ônibus que seguia para Porto Velho, e desci em Vilhena. Apresentei-me na Delegacia da FUNAI. Seria umas 9 da manhã. Eles passaram um rádio para o chefe de posto, e combinaram que à tarde ele me pegaria no Posto Comodoro, na mesma estrada pela qual eu tinha vindo, uns 200 km atrás. Outro chefe de posto, que iria naquela direção, se dispôs a me deixar no lugar marcado. Seguimos, numa camionete da FUNAI, até o cruzamento. Dali, ele continuou, pela estrada de terra, rumo à Chapada dos Pareci, onde ficava a aldeia e o Posto Indígena Nhanbikwara, sob sua chefia. Eu me sentei numa pedra, às margens da Rodovia 364, olhando a outra estradinha de terra que se sumia entre a mata do Vale do Manairisu.

Fiquei ali, durante um tempo que não se quantifica, não importa a unidade de contagem. A espera e a sensação de vulnerabilidade deram o tom do sentimento de solidão. E a solidão tinha peso, imóvel, comigo, recostada àquela pedra.

Já passava longe do meio da tarde quando a outra camionete apareceu, aos trancos, dirigida pelo chefe de posto que me receberia no Posto Indígena Hahaintesu. Vinha alegre, ouvindo, no rádio, a música Yolanda, na voz de Chico Buarque e Pablo Milanés. Cantava com eles.

4 comentários:

  1. bela imagem, tia. cheguei a achar que estava sol e que, apesar da solidão, havia vento e um sorriso sutil no canto da boca.

    bjs.

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  2. Você está certo. Havia, principalmente, a expectativa do novo ao qual eu me lançava!
    1xêro.

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  3. As palavras reverberam no texto criando espaço onde sensações nunca vividas pelo leitor se tornam tão íntimas. Gosto cada vez mais de te ler... Um grande beijo

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  4. Ah, Glads, meu querido, este espaço tem propiciado um exercício de escrita muito legal. Também me delicio com seus escritos e suas imagens. Esse trânsito me motiva muito. Aliás, é uma honra saber que você lê minhas diletâncias. Um beijo carinhoso!

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