terça-feira, 26 de julho de 2011

Sapos companheiros


 
Quando tirávamos água do poço, às vezes sentíamos o balde um pouco mais pesado do que o normal, enquanto era tracionado para cima. Não tinha como errar: vinha nele um caroneiro velho conhecido, o sapo enorme morador das redondezas, bem acomodado na água fresca. Entornávamos o balde, e ele saía caminhando, lentamente. Nem muito obrigada, o mal-agradecido! Talvez pensasse, ele, que se tratava de algum elevador público.


Esse viveu por muitos anos. Sua casa, de fato, era um oco no pé de uma árvore, cuja entrada ela lustrosa pelo movimento do morador.

Algumas décadas depois – ou, muitos sapos depois... – outro sapo, morador das vizinhanças, apresentou comportamento de mansidão, novamente. À noite, em função das plantações de soja, muitos besouros pequenos vinham revoar em torno das luzes. Saíamos, então, para a varanda, com as luzes apagadas, para ver o céu, e respirar o frescor noturno, antes de nos recolhermos para dormir. Não tardava para que o vizinho também chegasse ali por perto, silencioso. Então começávamos a jogar besouros que ele aparava no ar, com a longa e elástica língua. Nos entretínhamos por bom tempo nessa atividade de alimentá-lo. Mas ele apenas degustava aqueles que ainda estivessem vivos, rejeitando até mesmo os que pudessem ter morrido com o impacto, antes de serem engolidos. Um luxo!



Um comentário:

  1. que escargô que nada...besouro é muito melhor! :)
    muito bom o elevador público..rsrsrs

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