Pássaros habitam a árvore. Pululam, chilream, voejam.
Já não me basta olhá-los, então eu os fotografo. Uma foto, e outra, e outra mais.
Acumulo imagens.
O que busco ao acionar o mecanismo da câmera tantas vezes, acumulando imagens das pequenas aves sobre as mesmas galhadas, em vários momentos do dia?
O que busco ao repetir os registros fotográficos da dama-da-noite que se abre, finda a tarde, exalando perfume pela casa?
Uma, duas, inúmeras vezes, acompanho o ciclo da flor, produzindo imagens.
Talvez busque flagrar, nalguma fração de segundo, o segredo das aves, o mistério da flor bela e fugaz, o enigma da aranha e seus labirínticos castelos feitos com delgados fios... Quem sabe eu siga o impulso de fixar o encantamento, pois que fugirá por entre os dedos, escoando com o tempo.
Move-me a impressão de ser possível prolongar a experiência, ou retomá-la depois. E reencontrá-la em sua inteireza, entrecruzados os sons, perfumes, sonoridades e visão...
Embora frustrado o projeto, ainda e assim, fotografo...
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