Em 2004, comprei um aparelho de telefone celular que, à época, era top de linha: tecnologia CDMA, duas nans, comporta duas linhas telefônicas. Com várias ferramentas, tais como despertador, cronômetro, sistema de recados, não trabalha com nenhum tipo de imagem, e seu teclado só digita letras em caixa alta. Por essa razão, nas mensagens escritas que envio, parece que estou sempre gritando, de acordo com as regras de etiqueta da cultura digital.
Ele foi adquirido com uma linha telefônica pós-paga. O pacote reunia uma série de vantagens. Um ano depois, segundo as expectativas da operadora, já seria tempo de trocar o aparelho por outro mais novo – essa foi a condição para que me fossem restituídas as vantagens retiradas então. Mais que isso, gradualmente os aparelhos com tecnologia CDMA foram sendo substituídos pelos com tecnologia GSM, que funcionam com os chips, os novos ícones do mercado das comunicações.
Ora, eu quis testar até onde vai, de fato, minha autonomia para fazer escolhas na sociedade de consumo, regida pela lógica do mercado. Até onde é ou não a operadora quem decide quando eu comprarei outro aparelho de telefone, ou qual aparelho eu comprarei. Por isso, decidi manter o aparelho comprado em 2004, e experimentar por quanto tempo eu resistiria. Apesar, inclusive, dos argumentos perversos da operadora, tais como não oferecer facilidades nos preços, nem pacotes mais baratos, o que aumentou substancialmente o valor das contas.
Desde então, os aparelhos celulares mudaram, e muito. Incorporaram câmeras fotográficas com definição crescente de imagem, e ampliação dos espaços de memória. A essas, acrescentaram-se as câmeras de vídeo. Depois acesso à internet, rádio, televisão, GPS. A portabilidade dos números de telefone entrou na rotina dos usuários, e a disputa entre as operadoras gerou o hábito de se ter linhas em todas as operadoras, numa coleção de chips, para se trabalhar com as melhores vantagens promocionais. Em consequência, o espaço para a inserção de chips nos aparelhos se multiplicou: há modelos que comportam dois, três e até quatro chips simultaneamente. Apareceram os modelos com tela sensível ao toque, que dispensam teclas físicas. Tornaram-se híbridos de telefone, vídeo e computador pessoal.
Enquanto isso, continuei me divertindo, sem dispor do meu velho e pequeno aparelho, cujo sinal é melhor que o da maioria dos aparelhos de gerações mais recentes.
Sete anos depois, recentemente fui comunicada de que minha brincadeira está com os dias contados: a operadora prestará os serviços na tecnologia CDMA só até o próximo 30 de setembro. A partir de então, meu aparelho não conseguirá mais localizar o sinal, que será desativado. Ingressarei, então, na massa de usuários que migram incessantemente entre operadoras, levando consigo os números de suas linhas telefônicas. E fazem uso de aparelhos com dois, ou três chips. Até que as operadoras decidam, por nós, qual será a próxima tecnologia de que devamos fazer uso, e qual aparelho devamos adquirir...
O sistema vai ganhar o jogo, Alice? QUe coisa, não? risos. Boa sorte! Beijo
ResponderExcluirtia, estou sem celular (radical, não?...rsrs). mas o que eu tinha era de ultimíssíma geração: além de ver as horas eu podia até usá-lo como telefone...rsrrsr
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