sexta-feira, 27 de maio de 2011

Dor do mundo



No corredor, encontrei um pequeno, meu amiguinho, com pouco mais de três anos, que eu não encontrava desde o último semestre, quando às vezes ele frequentava minhas aulas, sempre que sua mãe não tinha com quem deixá-lo. Fiz-lhe cócegas na barriga, ele ria e fugia dos meus ataques, desejando ser pego por mim. Ríamos. Então uma aluna minha, uma senhora de meia idade, saiu à porta da sala de aula em frente. Parecia atender algum chamado. Olhou-me, e falou, com apreensão: “Ouvi sua voz, e o choro de uma mulher. Tinha certeza de que era você chorando...” A mãe do meu amiguinho comentou: “Ela estava brincando com ele... era a risada dele...” Percebi que essa explicação não a convenceu. Seus olhos estavam marejados de lágrimas. Eu a abracei, então ela chorou. “Eu ouvi você chorando...” Falei-lhe baixinho ao ouvido “Está tudo bem, está tudo bem...” Ela prosseguiu “Eu tenho chorado muito. É muita dor, a dor do mundo...” Passou as mãos nos olhos, e foi beber um pouco de água, para retomar a aula, que prosseguia, apesar de tudo.

Dentro dela, latejava a dor do mundo. Eu podia sentir, porque em mim também...


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