sexta-feira, 20 de maio de 2011

Um submarino rebocado...


Noutro dia, vivi uma experiência singular. Na aula de natação, as monitoras propuseram uma gincana. Sempre fui um poucuo avessa a essas socializações, por duas razões: elas sempre envolvem algum nível de competição, e pretendem promover uma espécie forçada de socialização. Acabo preferindo os momentos mais solitários de reflexão imersa na água... 
Mas, naquele dia, acabei cedendo ao convite delicado da monitora, e fui participar das atividades. Reunidas todas as turmas, as duas equipes formadas misturaram pessoas mais velhas com mais jovens, gente que nadava com mais desenvoltura com outros que mal saíam do lugar. E a diversão começou aí.
Numa das tarefas, foi solicitado que cada equipe formasse uma fila transversal na piscina, iniciando quase no meio, para terminar na borda. Cada um deveria nadar até à borda oposta (o que distava uns 12 metros), segurando a ponta de uma corda. Chegando à meta, os companheiros de equipe deveriam puxá-lo até o ponto de partida, quando a corda seria entregue para o próximo da fila, até que todos tivessem passado pela experiência. O tempo total de cada equipe seria cronometrado, para verificar a mais rápida. O que, definitivamente, foi o que menos importou.
Entre gritos e torcidas para todos os lados, uma verdadeira farra se instalou. A equipe adversária começou primeiro, e a minha equipe tentava confundir os seus comandos, aos brados: "Vai! Puxa! Segura! Solta! Agora! Agora não!" Ao mesmo tempo, nos preparávamos para não fazer feio. Com ares de estrategistas, organizamos a corda da melhor maneira, e cada um começou a dar tudo de si, entre risos, na tarefa de nadar seu trecho, e ser tracionado na volta.
Chegou, afinal, a minha vez. Na ida, briguei com a corda cujo laço teimava em escapar a cada braçada. Quando toquei a borda da piscina, comecei a ser tracionada de volta, rapidamente. Com o movimento, uma lâmina de água cobriu meu rosto. Imaginei um submarino sendo rebocado. Eu não conseguia respirar, e sentia muita vontade de rir, tudo ao mesmo tempo. Na minha equipe, a palavra de ordem era puxar a corda com força: cada segundo estava sendo cronometrado! Chegando à raia demarcada, estendi a mão com a corda para meu parceiro próximo, que já estava a postos, e fui recobrando o fôlego. Segui para o final da fila. Já era tempo de ajudar a puxar a corda, trazendo de volta nosso companheiro que já cumprira sua parte nadando até à borda.
Minha equipe venceu todas as tarefas. Comemoramos como crianças. E todos ganhamos parcela extra de alegria, para amenizar as travessias dos desertos que assolam alguns dias e algumas noites, com seus lobos, suas serpentes... suas luas e estrelas... o frio e a seca.

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