terça-feira, 3 de maio de 2011

Perguntar para dentro, encontrar lá fora...



Há cerca de um mês, precisei do meu diploma de doutorado. Peguei a caixa de arquivo onde guardo a papelada relativa à minha formação e atuação acadêmica, e procurei o envelope transparente que contém os três diplomas (de graduação, mestrado e doutorado), mais o certificado de pós-doutorado. Ele não estava lá. Deparei-me, então, com uma ausência desconfortável em minha memória. Quando algo não está onde sempre esteve, e a gente não lembra de qualquer pista que aponte para onde poderia estar, abre-se uma uma espécie de buraco negro: está lá, mas não se vê, não se penetra...

Comecei a desmontar todas as prateleiras, verificar todas as caixas, envelopes, livros, recantos, dos prováveis aos improváveis... No sábado à noite, uma infinidade de coisas estava espalhada pelo chão da minha casa, e nada do diploma. O que me angustiava era a sensação física de região interditada na memória: eu me lembrava de alguns detalhes, mas não conseguia reconstituir o momento em que teria tirado o envelope da caixa e colocado em algum outro lugar. Tirado para o que? Colocado onde? Quando teria feito isso?

Então resolvi mudar a estratégia da busca. Se eu mesma tivera guardado os documentos em algum outro lugar, esse registro existiria em algum ponto da minha memória, e era a ele que eu precisava ter acesso. Como fazer isso? Antes de dormir, me demorei perguntando a mim mesma “onde eu guardei o diploma de doutorado?”. Repeti como a um mantra, uma ladainha interna. Tinha a expectativa de que, no dia seguinte, eu pudesse lembrar. Mas isso não aconteceu. No domingo, acordei sem a resposta. Mas decidira não procurar mais. Durante o dia, em vários momentos, repeti a pergunta, sem, contudo, tomar qualquer iniciativa de voltar a procurar entre as coisas espalhadas no chão, ou entre as coisas que eu ainda não tinha explorado. Mais uma noite de sono, iniciada com o mantra-pergunta.

A segunda feira iniciou uma semana agitada, com muitas demandas, e à noite, já cansada, me aninhei no sofá da sala. Dormi um sono leve. Acordei preocupada com o avançado do horário: tinha providências a tomar antes de me recolher. Levantei-me e caminhei, sem pensar, em direção à estante da sala de estudos. Meu olhar dirigia-se à prateleira onde ficam os livros, textos e outras coisas com que estou trabalhando ao momento. Aleatoriamente, peguei uma pasta, abri, e quando o fiz, já tinha certeza de que nela estava guardado o diploma. Agitei-me, tomando o envelope de plástico nas mãos, constatando os documentos...

Quantas respostas, poderíamos alcançá-las, perguntando a nós mesmos... e esperando o tempo necessário para processá-las...


Nenhum comentário:

Postar um comentário