quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Paradoxos da sociedade do espetáculo


Tornar público o que é privado, espetacularizar o que é íntimo, revelar o que é secreto: essa, a obsessão da cultura contemporânea, midiática, tecnologizada. Também reside aí, nessa obsessão, um paradoxo insolúvel. São recorrentes os filmes, noticiários, ensaios fotográficos, pesquisas acadêmicas que anunciam trazer à visibilidade práticas secretas, rituais proibidos, eventos tradicionalmente restritos a poucos. A adjetivação secreto ou proibido parece provocar o desafio que leva à investida com vistas à exposição espetacular. Ao fazê-lo, corrompe-se o princípio organizador da prática, ritual ou evento, fazendo com que se torne apenas mais um espetáculo a ser consumido, e em seguida descartado, para dar lugar à próxima revelação...

Na contramão dessa tendência, mas igualmente revestidos de modismos, comparecem movimentos e aconselhamentos que anunciam a necessidade de se manterem discrições sobre certas práticas. Tais discursos lembram, por exemplo, a importância, para a vida psíquica e cultural das pessoas, o desenvolvimento de práticas que escapem aos tentáculos espalhados em todos os lugares de câmeras e outros mecanismos capazes de captar, reproduzir, multiplicar e disseminar imagens, dados, informações, narrativas sobre quaisquer fatos. Nesse caso, o paradoxo está no fato de os indivíduos que se dispõem a desenvolver tais práticas, mesmo certos da necessidade de que sejam discretas, secretas, privadas, não resistirem ao impulso de publicá-las, com o intuito de compartilhar a experiência, demonstrando aos demais serem capazes de realizar coisas fora do circuito da hiper exposição.

Paradoxais, estes tempos...
Teríamos vivido algum tempo que não fosse? 



Make public what is private, change in spectacle what is intimate, revealing what is secret: this is the obsession of contemporary, mediatic e hightec culture. Here is, also, in this obsession, an insoluble paradox. There are a lot of movies, news, photographic essays, academic research that advertise to bring to visibility covert practices, forbidden rituals, events traditionally restricted to few. The adjectives secret or forbidden seem to provoke the challenge that leads to the onslaught with the spectacular display views.

Against this trend, but also coated with fads, attend counseling and movements that advertise the need for maintaining descriptions about certain practices. Thinking on the psychic and cultural life of the people, such speeches emphasizes the importance of the development of practices that escape to tentacles spread everywhere and other cameras able to capture, reproduce, multiply and disseminate images, data, information, narratives about any facts. In this case, the paradox lies in the fact that individuals are willing to develop such practices, even certain of the need to be discreet, secret, private, did not resist the urge to post them in order to share the experience, demonstrating to others being able to accomplish things outside the circuit of hyper exhibition.

Paradoxical, this time ...
Would have we lived any time who wasn't?





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