Para aqueles que não conhecem Goiânia, ou não andam pelas
bandas do Setor Aeroporto, o Empório Casarão oferece um cardápio apetitoso de
itens culinários, desde verdes e frescas alfaces, passando por uma padaria com
itens surpreendentes, temperos secos perfumados, vinhos e vinagres deliciosos, macarrões
japoneses, a doces cortados em fatia capazes de encher a boca de água ao
primeiro olhar, por exemplo. Como vem revestido por uma embalagem ao estilo
boutique, cada tópico, em geral, aparece bem mais caro, chegando a alcançar o
dobro do preço – ou até mais – em relação aos supermercados próximos, ou às
feiras livres. No entanto, há alguns produtos que ali são vendidos quase com
exclusividade, como é o caso da batata yakon – dificilmente encontro em outros
lugares – ou do radiche roxo.
Há algum tempo deixei de frequentar regularmente o
Empório Casarão. Já havia me queixado a respeito de muitas frutas estragadas em
meio às sadias, e das batatas yakon em mau estado de conservação. Queixas que,
embora tenham sido ouvidas pelo gerente, não tiveram encaminhamento de solução.
Mas minha decisão de evitar o retorno teve por marco mais forte quando, tendo
comprado um pão integral com nozes, em casa constatei se tratar de pão velho,
ressecado, com odor ligeiramente azedo. Considerando todo o contexto, cheguei à
conclusão de que, como consumidora, não preciso desperdiçar meu tempo, meu
humor, e minhas economias naquele estabelecimento.
Depois de um bom tempo, hoje retornei. Senti falta das
batatas yakon, e também de um galho de erva doce para a salada. Fui lá,
verificar como estavam os produtos. Encontrei-os, em bom estado. Reencontrei,
também, o empório, como de sempre. Havia me esquecido do outro item,
obrigatório, que me empurra para longe: a falta de educação da elite, de parte significativa daqueles
que têm condições de pagar pelos itens caros. Falta de educação que se
potencializa às vésperas das festas de fim de ano.
Observo seus comportamentos, e enojo-me. Não posso ser injusta: não são todos. Mas a falta de educação prevalece. Esses, os mal educados, agem como se
todos os demais tivessem obrigação de servi-los, porquanto paguem a conta. E embora
arquem com os custos de item caros, não são generosos, ao contrário. Vão deixando
carros abarrotados em lugares de trânsito. Empurram os demais, acreditando-se
eleitos para passar à frente. Desde pontos de vista superiores, olham com má
vontade os demais mortais, medindo-os a partir de supostos poderes aquisitivos
diferenciados. Por sua vez, os funcionários, embora solícitos (porque sob o
olhar da gerência), deixam transparecer a marca de um certo desprezo pela
clientela. Demonstram uma ansiedade, parecem querer livrar-se logo daquilo tudo.
Resumindo: sobram delícias, sobram preços caros, faltam gentileza
e generosidade. Por vezes, há batatas yakon em bom estado. E galhos verdes de erva doce. Nesses casos, posso levar os dois itens comigo, com o que preparo um suco refrescante, ou uma salada crocante. Estão
servidos?
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