segunda-feira, 15 de abril de 2013

Um sonho sonhado por outro, que me instiga a pensar...


Para Alzira, que me emprestou seu sonho.

Minha amiga querida me contou. A imagem em mim provocada por seu relato ficou colada em meus pensamentos. Vívida, é como se eu mesma a tivesse sonhado...

No sonho, ela fora submetida a um transplante de cabeça. Transplante total, radical: num pacote único, herdara de outra pessoa crânio, cérebro, face, pescoço. E então ela constatou que a identidade das pessoas não está na cabeça, pois ela continuou se reconhecendo como a mesma pessoa, sem confundir memórias e percepções. Continuava a mesma de antes do ato cirúrgico. Ora: a resposta sobre quem somos não se resume à cabeça, mas estende-se pelo corpo vivido como um todo, indo até mesmo além dele, às relações que estabelecemos com o meio.

No entanto, sentiu desconforto quando se viu o espelho. Decididamente, ela não gostou do sorriso transplantado para seu rosto. Aquele sorriso não a satisfazia... Fazer o que? Aprenderia a conviver com ele... e com a coceira no pescoço, decorrente do processo de cicatrização.



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