Enquanto organizava minha sacola de viagem, ela se
aproximou. Com as mãos ocultas atrás do corpo, começou a me falar “tem uma coisa de que eu gosto muito, muito”,
e fechou os olhos para enfatizar o seu gostar. Continuou, em seguida: “se você me prometer que só aceita se não for
um estorvo, eu lhe dou esta aqui”. “O
que é?”, perguntei, e ela estendeu as mãos em minha direção. Mostrava-me
uma espécie de caixinha pequena, envolvida em papel verde escuro, com uma fita
de um verde mais claro. Não compreendi, de pronto, do que se tratava. “O que é essa caixinha?”. Ela sorriu, os
olhos brilharam, e com voz dengosa respondeu: “É um pauzinho!”. Ela me presenteava com uma de suas madeirinhas que vai recolhendo por onde passa: tocos, hastes, redondos, quadrados,
galhos... uns, ela pinta, outros usa para escorar coisas, outros enfeitam
cantos da casa. Aquele, em especial, ela forrara com papel de seda cor verde. O
papel estava bem colado à madeira. Depois enfeitou com a fita de verde mais
claro.
Madeira de encantamento. Objeto de afeto. Dessas inutilidades
preciosas que falam do sentido de viver...
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