Não há consenso a esse respeito, mas tínhamos em São Roque uma referência
como o santo protetor dos cães. Por isso, todos os anos, no dia 16 de agosto, dia de São Roque, minha mãe preparava um banquete para os nossos cachorros. Era uma
forma de demonstrar gratidão por nossos amigos de todos os dias, que nos
acompanhavam por onde fôssemos, fizesse sol ou chuva, sempre divertidos,
briguentos, barulhentos, cheios de vida, cada qual com um jeito muito próprio.
A alimentação regular deles era feita à base de um
engrossado de milho com algumas misturas que, eventualmente incluíam algum
pedaço de carne. No mais, eles comiam frutas (disputavam os abacates maduros e gomos de mexerica...) e outras coisas que encontravam pelo mato ou pelo campo. Mas nesse dia, minha mãe matava
um galo especialmente para eles, e preparava com milho e outros temperos, numa panela de ferro grande. A nenhum de nós era dado saborear a apetitosa receita. Eles tinham a exclusividade do prazer gastronômico.
O Fiel, o Play boy, o Xerife e o Bright faziam uma festa.
Era dia de alegria para eles. Já para o galo, coitado, era o fim da linha. Imagino
que São Roque fosse considerado persona
non grata no galinheiro lá de casa...
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