domingo, 29 de julho de 2012

de afetos e saudades


p/ Nhá Delu, in memoriam
 e J. Bamberg 


Em 2010, quando voltava de Cachoeira, passei por Salvador. Fomos visitar Nhá Delu, que eu ainda não conhecia. Linda, vaidosa, aguardava-nos bem acomodada a uma poltrona, na sala ampla de seu apartamento voltado para o mar. Sentei-me ao seu lado. Cercados dos demais familiares, o burburinho da conversa tinha tonalidades de alegria, saudades, encantamentos. Não demorou muito para que eu conhecesse outra habitante do lugar, uma calopsita branca, por quem fui adotada, e veio cochichar arrulhos ao meu ouvido, enredando-se nos meus cabelos. Fiquei ali, sentindo-me abraçada pelo afago da mão de Nhá Delu, segurando firmemente a minha, e a calopsita instalada em meu ombro.

Memória de afeto e acolhimento.

Ontem, Nhá Delu nos deixou, seguindo a viagem solitária que todos faremos, mais dia, menos dia...

Saudades.

Em tempo: os ipês brancos cobriram-se de flores. Delicada florada, não dura mais que uns poucos dias. Mal nos surpreendemos com sua beleza, já não está lá... assim...





Um comentário:

  1. Lindo texto,delicado e rico!...Lindíssimo relato de memória de alguém tão amante da boa amizade e de dedicação mais repleta de alegrias ao fazê-lo,indiscriminadamente... Abençoada Nhá Delú,que o SS.Espírito lhe guarde em lugar santo...
    Gratíssimo!...

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