domingo, 22 de julho de 2012

Ainda Ridley Scott, e o elegante canibal Dr. Lecter, o Hannibal



Ontem revi Hannibal. O Dr Lecter, do mesmo modo que o Alien, foi personagem que rendeu vários filmes de ação e suspense. Alguns dos quais, memoráveis. O primeiro filme, que eu não vi, foi produzido em 1986. Trata-se da primeira versão de Dragão vermelho, dirigido por Michael Man. A história é baseada no livro de mesmo nome, de uma série de ficção escrita por Thomas Harris, no início dos anos 80 – este o mentor, portanto, da personagem. Parece que o filme não chegou a obter grande sucesso. Foi em 1991, na pele de Anthony Hopkins, que o Dr. Lecter assustou os públicos em salas de cinema lotadas, com seu olhar entre indiferente e cândido, sua mente brilhante, seu desejo de morte, e a capacidade de devorar ferozmente pedaços de suas vítimas – bochechas, língua, cérebro... Além, é claro, de seu fascínio por Clarice, a jovem investigadora do FBI, vivida então por Jodie Foster.

O silêncio dos Inocentes, dirigido por Jonathan Demme, em 1991, mantém tensão do início ao fim da história, conduzindo o público ao susto, ao suspense, ao medo. A montagem é realizada com mestria, nesse filme que conseguiu aprovação de público e crítica, obtendo enorme sucesso de bilheteria. Mas é a atuação magistral de Hopkins que arrebata de modo inquestionável.


Em 2001, Ridley Scott filmou a sequência da história, em Hannibal. Anthony Hopkins continua no controle de seu Dr. Lecter, e Clarice Starling é interpretada   por Julianne Moore. O filme não tem a carnadura de seu antecessor (em alguns momentos, o argumento mostra-se irregular) mas apresenta uma das sequências mais provocadoras da indústria cinematográfica: quando o canibal serve, à sua vítima, um pedaço do seu próprio cérebro, em um banquete elegantíssimo, diante de uma Clarice meio sedada, meio enauseada, trajando roupa de gala presenteada pelo protagonista. Esse trecho do filme sintetiza o espírito do cinema do Ocidente: entretenimento, no qual a farsa, a ilusão e a truca são ferramentas a serviço de contar histórias ao mesmo tempo fantásticas, verossímeis, desafiadoras à imaginação - mesmo que haja sempre alguém de plantão a questionar se o acontecimento seria, mesmo, possível, nos termos da ciência, da biologia... - A cena mantém tensão, não faz rir, embora seja irônica, com requintes de cinismo; é repulsiva, mas o expectador não consegue deixar de olhar. E alonga-se na medida certa, sem abusar do cansaço mesmo dos mais inquietos. Tantas vezes eu veja o filme, tantas vezes aguardarei por esse momento. Devo esse prazer a Anthony Hopkins. E, claro, a Ridley Scott.

No ano seguinte, 2002, foi lançada a segunda versão do Dragão vermelho, com Brett Ratner na direção. Tendo obtido mais sucesso junto ao público e à crítica do que o primeiro, o filme também articula ação e suspense de modo muito bem sucedido. Faz parte dos filmes que vejo repetidas vezes, com o mesmo prazer.

Finalmente, em 2007, Peter Webber lançou Hannibal, a origem do mal, no qual é contado o início da saga de Lecter. Ainda não vi o filme. Talvez o veja.

Mas penso, mesmo, em rever o banquete servido em Hannibal. Ah, o banquete... Gracias, Ridley Scott! (em tempo: mas Prometheus?... aff!!!)



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