Entramos na fila para atendimento no balcão de uma
empresa aérea. Enquanto a funcionária atendia um grupo de pessoas, duas pessoas
esperavam antes de nós. Um bom tempo depois, uma senhora muito vaidosa, bem
maquiada, chegou-se, como quem não quer nada, e se posicionou à nossa frente. Ante nosso olhar de indagação,
explicou: “Eu já estava aqui. Algum problema?”
Todos os problemas, minha senhora! Praticava, ela, o velho hábito de “guardar lugar na fila” enquanto vai ali,
dar uma voltinha... Problema de quem dá a bobeira de ficar na fila...
Noutro dia, no supermercado, entrei na fila do caixa
rápido. À minha frente, uma senhora empurrava um carrinho. Suas compras
ultrapassavam, em muito, os 15 itens configurados para aquele tipo de atendimento.
Algum dia eu também entraria naquela fila com mais que 15 itens no carrinho,
pensei. Logo ela me olhou, e pediu-me, com desenvoltura: “Eu me esqueci de pegar uma coisa. Você olha o meu carrinho, enquanto eu
vou buscar?”. Naquele dia, em especial, eu queria voltar em paz, para casa.
Então assenti com um gesto mínimo, e fiquei ali, empurrando o carrinho dela com
o meu próprio carrinho, meio a contragosto. Mas a dona demorou-se bem mais do que o tempo
necessário para ir até a prateleira e retornar. Aliás, cheguei até à metade do
percurso, quando a fila entrava por um corredor estreito, antes de desembocar
na área dos caixas. Ali, acomodei seu carrinho fora da fila, e segui, só com o
meu. Já chegada a minha vez de ser atendida, ela apareceu, sorridente. “Cadê?”, perguntou-me. Eu ri. “A senhora não achou, mesmo, que eu iria
trazer o seu carrinho até aqui, não é?”. E lhe apontei onde estava, devidamente
estacionado entre algumas gôndolas de promoções. Claro está que fui qualificada
como mal educada...
No estacionamento de outro supermercado, depois de colocar
as compras no meu carro, fui devolver o carrinho ao lugar devido. Enquanto isso,
uma senhora, que tentava estacionar numa vaga ao lado do meu, retirara dois
carrinhos dali, e os posicionara impedindo a saída do meu carro. Retornei nesse
exato momento. Sem acreditar na cena que eu testemunhava, a adverti: “Muito obrigada pelo favor de trancar o meu
carro, enquanto abre a vaga para estacionar o seu!”. Ao que ela,
prontamente respondeu: “Por nada”,
com um breve sorriso. Eu devolvi os dois carrinhos à vaga pleiteada por ela, e
desafiei: “Quero ver você estacionar,
agora!”. “Se eu soubesse que o carro
era seu, não teria feito isso!” Justificou, enquanto providenciava a
retirada dos carrinhos, novamente. Para posicioná-los trancando outro carro...
Situação mais divertida que essa aconteceu numa esquina
da Rua 3, no centro. Enquanto aguardava o taxista, eu observava o movimento das
pessoas. Minha atenção voltou-se para uma jovem senhora estacionando seu
veículo bem na esquina, formando uma diagonal. Sem se importar por estar
importunando o fluxo dos demais veículos, manobrou para lá, para cá, várias
vezes. E eu ali, ponderando a situação. Quando se deu por satisfeita, desligou
o carro, e saiu. Observou-o, quase no meio da rua. Olhou-me e desfechou a
pérola: “Oi, você vigia meu carro
enquanto eu vou ali, e já volto, rapidinho?” Está bem, eu reconheço ter
perdido a melhor oportunidade que já tive de ganhar um trocado enquanto
esperava o táxi. Claro, com minhas qualificações, teria de cobrar um pouco mais
caro do que a tabela geral do mercado... Mas não, não pude deixar de manifestar
com ênfase minha indignação – nem tanto com o pedido para eu vigiar, mas com o
carro deixado no meio da rua, atrapalhando os demais. Ela me olhou com quase
candura. E seguiu seu caminho. Para ela, minha reação é que estava fora do
esquadro...
Y así pasan los dias en Goiás...
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