p/ Fernando Pessoa
Ficava ali, deitada de costas. O gramado alto, à minha volta, tirava do campo de visão a casa, o curral, os cercados, e outros aparatos que me pudessem lembrar as instalações domésticas quotidianas. Apenas avistava a copa das árvores de onde partiam revoadas de passarinhos, recortando o céu na tarde quente.
Meu corpo estava colado ao chão, o que me dava certo conforto, pois sentia vertigens só em pensar que poderia cair no vácuo aberto à frente...
Imaginava seguir numa nave – o Planeta Terra – que avançava no espaço, Sistema Solar afora. Os pássaros recortavam os ares, abrindo o caminho para ela. E eu ali, miúda, agarrando-me à sua superfície, vivendo a ventura sentir o peso do firmamento nos próprios ossos, e experimentando o medo de me perder nele...
Medo de me perder? Nalgum dia, por acaso, já teríamos sabido ao certo por onde andamos navegando, universo adentro? Quem detém o mapa dessa viagem? É certo que não andamos, meio perdidos, por aí?
Me arrepiava só de imaginar perdido espaço afora! Astronauta eu nunca quis ser. Melhor mesmo era ficar agarrado à superfície desse planetinha em gramados forrados de verde-aconchego!
ResponderExcluirLindo texto.