quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Poética da Alteridade - Amarelo

O amarelo, curioso e vibrante, queria aprender como era ser azul. Moveu-se na escala cromática. Experimentou outros pigmentos que refletiam diferentes comprimentos de onda de luz. Deixou-se impregnar de não-amarelos. 


Quando quis retornar à condição original, já não conseguiu se purificar dos muitos fragmentos incorporados no caminho. Tornara-se amarelo-limão intenso. 


Por vezes sentia saudades de ser azul novamente, e retomava a posição do outro. Na volta, a cada vez, era um pouco menos amarelo.


Um dia, percebeu que já não pertencia à categoria dos amarelos. Tampouco dos azuis.


Tornara-se verde.



                                                  "Professora, quando misturo estas duas cores, elas desaparecem: morre o amarelo, morre o azul, e aparece este verde!"


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