O pai aproveitava os horários livres para adiantar a reforma necessária na casa. Faltava ainda o piso da maior parte das peças, reboco nalgumas paredes, cerâmica no banheiro.
Enquanto isso, a mãe se virava como podia para manter a casa limpa, com os meninos brincando sempre por perto.
Quando o mais velho completou 11 anos, a avó deu-lhe um aparelho de telefone celular, que ele passou a levar para a escola. Em casa, ficava muito tempo entretido com os joguinhos.
Naquele dia, o mais novo resolveu que queria jogar, também, no aparelho celular do irmão. O mais velho não queria deixar, ou só deixaria depois de se cansar, ele próprio, de jogar. Então começaram a brigar. Intriguelha de irmãos. Queixas, resmungues. A mãe, irritada, com tanta coisa para fazer, resolveu tirar dos dois o tal aparelho celular. Onde colocar? Desligou-o, e o escondeu ali, num vão entre dois tijolos, na parede sem reboco. Analisou o encaixe, e empurrou mais ao fundo, para assegurar que eles não o encontrassem antes que ela mesma decidisse devolvê-lo.
No dia seguinte, muito cedo, os meninos saíram para a escola, e ela seguiu para o trabalho. O marido aproveitou um momento de folga, e o pouco movimento dos moradores na casa, para adiantar o trabalho. Rebocou as paredes, inclusive aquela onde o telefone estava escondido...
Ainda hoje, nalgum ponto da parede - ela não se lembra ao certo... - está o telefone, bem guardado. Sem o risco de ser perdido. Tampouco de ser usado...
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