Quando criança, não tive bicicleta. Subi em árvore, andei descalço pelo mato, encardi os pés, andei a cavalo, tirei leite de vaca. Mas não andei de bicicleta.
Já tinha uns 28 anos de idade, quando resolvi que queria embarcar nessa nova aventura. O namorado era atleta, e se animou em assumir o papel de meu professor para assuntos de andar de bicicleta. Comprei meu camelo (em Brasília, bicicletas também podem ser chamadas de camelo), e nos finais de semana brincávamos, durante horas, no estacionamento da universidade, passando pelas várias etapas da aprendizagem. Inicialmente, eu pedalava, e ele seguia atrás de mim, segurando o banco da bicicleta. Até o momento em que ele me deixou seguir, sem que eu percebesse. Quando notei o desamparo, desequilibrei, mas não cheguei a cair. Fui ganhando confiança. A dificuldade maior estava no arranque. Depois de pegar alguma velocidade, por menor que fosse, tudo ficava mais fácil.
Foi então que descobri o segredo: a velocidade me ajudava no equilíbrio. Gostei da ideia. No estacionamento, havia uma ladeira não muito severa. Embiquei a bicicleta na descida, e pedalei. Ela ganhou velocidade, e senti a delícia do vento no rosto. Vibrei. A bicicleta ficou leve, equilibrada. O veículo dos meus sonhos. Mas não tive muito tempo para perceber que deveria fazer uma curva ao final, pois o estacionamento acabava. Acabou. A bicicleta bateu no meio fio, alçando-me para fora dela. Estabaquei-me no chão. Fiquei lá, estirada no gramado, entre rindo e queixando-me dos esfolados. Ao meu lado, também esfolada, arriada, a bicicleta, que a partir daquele dia passou a se chamar Cacilda.
Cacilda foi uma companheira e tanto em muitos passeios pela cidade. O tempo passou, o namorado passou, e, aos poucos, deixei de andar de bicicleta. Qualquer dia desses, vou verificar o que há de verdade na máxima que diz que se a gente aprende a andar de bicicleta, não esquece mais.
...cacílds!... Pode contar comigo!...Já estou providenciando até um triciclo,justamente para evitar os danados dos 'estabáques' inesperados...
ResponderExcluirOba! Vou adorar sair por aí, passeando com você!
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