O professor é marxista. Quando fala sobre Marx, seus olhos brilham do mesmo modo que brilham os olhos de alguns crentes em sua fé cristã. E em seu gesto ressoa uma crítica discreta endereçada aos colegas que não compartilham do mesmo entusiasmo em relação ao marxismo. Burgueses, pensa, sem confessar.
A greve foi se espalhando: entre professores, funcionários técnico-administrativos, estudantes. As discussões foram ganhando espaço: educação pública, financiamento da educação, a universidade que queremos, etc. Novas gerações de professores e estudantes, que nunca haviam participado de mobilizações antes, começaram a construir novas aprendizagens.
O professor marxista, que não declarou nem a adesão nem o voto contrário à greve, marcou prova para os alunos de sua turma. No silêncio da unidade acadêmica esvaziada, os mais assustados compareceram, temendo represálias. O professor não quer correr o risco de ter prejudicada uma viagem internacional programada desde antes da greve.
Burgueses...
PS.: ele não está sozinho...
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