Organizando material para uma palestra, deparei-me com a
lembrança de uma figura que ocupou lugar na mídia dos anos 80, por tomar para
si o desafio de beijar celebridades, driblando os esquemas de segurança: o
Beijoqueiro, como ficou conhecido nacionalmente.
Tratava-se do senhor José Alves, português, radicado no Brasil. A história começou quando, em 1980, numa apresentação do Frank Sinatra
no Maracanã, Rio de Janeiro, ele foi desafiado por amigos a beijar a face do cantor. Sua façanha
ganhou repercussão na mídia, e a partir de então ele tomou gosto pela coisa,
tendo beijado figuras como Roberto Carlos, Brizola, jogadores de futebol, entre
outros. Em plena ditadura militar, tínhamos um serial kisser, como o cineasta Carlos Nader o definiu num
documentário realizado em 1982.
Eu testemunhei uma dessas situações. Estava no Maracanã, assistindo
a um clássico Fla-Flu, quando ele invadiu o campo, para beijar o Zico, o nosso
Galinho de Quintino. Foi uma confusão na arquibancada, aquele bolo de gente, seguida da invasão no
campo e a interrupção do jogo. Depois os policiais entraram em ação. Demorou para que descobríssemos do
que se tratava. Correu um burburinho: "É o Beijoqueiro!"
Mais tarde, em casa, acompanhamos, nos noticiários televisivos, os detalhes do ocorrido. Ele foi espancado pelos policiais, tendo algumas costelas quebradas. Detido, foi submetido a exames para averiguação sobre sua sanidade mental. Tirando os ossos e os dentes quebrados, estava tudo certo com ele. O juiz que acompanhou o caso foi inflexível em sua sentença: “Beijar não é crime. Quem dera se todos os delinquentes do Brasil trocassem suas armas por beijos”.
Mais tarde, em casa, acompanhamos, nos noticiários televisivos, os detalhes do ocorrido. Ele foi espancado pelos policiais, tendo algumas costelas quebradas. Detido, foi submetido a exames para averiguação sobre sua sanidade mental. Tirando os ossos e os dentes quebrados, estava tudo certo com ele. O juiz que acompanhou o caso foi inflexível em sua sentença: “Beijar não é crime. Quem dera se todos os delinquentes do Brasil trocassem suas armas por beijos”.
Quem dera!
Quem dera!²
ResponderExcluirNossa..., diante dos "assédios" atuais, acho que as celebridades bem que gostariam do Senhor Beijoqueiro. Gsotei da estória!
ResponderExcluirLembro-me ,perfeitamente,dos fatos e da cena em sí,de uma selvageria absurda... Depois da trágica situação -...imagine!...Alguém ser bàrbaramente espancado por que dava beijos nas pessoas!...Mundão maxôso,ainda medievo e burro,óbvio...- a sua família entrou em cena e outras pessoas sensibilizadas com a situação,principalmente artistas e comunicadores,religiosos e outros, que conseguiram aplacar a sanha de todos e a necessidade de 'faturamento' da mídjia... O Juiz,de sensibilidade,exemplar e inigualável,'liquidou a fatura' de quaisquer possíveis crimes do coitado... Linda,a crônica,a rememoração,apesar da motivação,tão absurda... Você 'tirou leite de pedras...',como diz o Povo,e nos acordou para a temática de fundo da maioria dessas questões: o preconceito !... PARABÉNS!...
ResponderExcluir