sábado, 3 de março de 2012

Moção de repúdio


                                                        



UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
FACULDADE DE ARTES VISUAIS


MOÇÃO DE REPÚDIO


A Faculdade de Artes Visuais da UFG (FAV), ora portadora da medalha de Mérito Cultural e Diploma de Destaque Cultural do Ano, edição 2011, outorgada pelo Governo do Estado de Goiás em sessão solene, no dia 17 de novembro último, manifesta seu repúdio a situação a que os professores do estado de Goiás estão sendo submetidos, especialmente no que tange às perdas no campo das Artes Visuais e demais linguagens irmãs. Sendo assim a FAV reivindica junto ao Governo do Estado de Goiás espaço de diálogo e respeito para com os profissionais da educação que integram a Secretaria Estadual de Educação de Goiás.

Compreendemos que nós, profissionais do ensino superior, em parceria com os profissionais responsáveis pelo ensino fundamental e médio em nosso Estado, todos tomamos parte de um mesmo projeto de educação, cujas políticas públicas têm sido deficitárias no tocante ao reconhecimento de nosso trabalho, e à garantia de condições de trabalho, no exercício profissional digno, para a categoria responsável pela formação do tecido social no qual estamos inseridos.

Nossos alunos, que integram os cursos de Artes Plásticas, Design de Moda, Design de Ambientes, Design Gráfico, Arquitetura e em especial, da Licenciatura em Artes Visuais nas modalidades presencial e a distância (que no ano de 2011 graduou cerca de 250 professores de artes visuais em todo o Estado), são provenientes, em sua maioria, dessa rede de ensino. 

Muitos dos profissionais que ora reivindicam revisão no Programa denominado “Pacto pela Educação” são alunos regulares e também egressos dos nossos cursos. Estes profissionais que integram a Rede Estadual de Ensino questionam a redução da carga horária das disciplinas e projetos de artes, em especial no Ensino Médio. Como explicar que uma Secretaria do Estado de Educação que no passado apresentou avanços significativos em práticas curriculares no momento gera, promove e mantém um programa educacional na contramão de uma perspectiva crítica, libertária e conscientizadora? Propor a diminuição da arte na educação básica, além de ser uma postura retrógrada, está em desacordo com o atual Plano Nacional de Cultura - PNC do Ministério da Cultura – MINC (além das demais orientações educacionais vigentes) no que diz respeito à disciplina de Artes no currículo das escolas públicas. De acordo com a Meta 12, essa matéria deverá dar mais ênfase à cultura brasileira, às linguagens artísticas e ao patrimônio cultural. A Meta 13 prevê a inclusão de 20 mil professores de Arte de escolas públicas em um programa de formação continuada e a Meta 14 do PNC propõe que 100 mil escolas públicas da Educação básica desenvolvam atividades de Arte e Cultura de forma permanente. (fonte: http://www.tribunadoplanalto.com.br/escola/13710-cultura-nas-escolas)

A mais, é nossa convicção a impossibilidade de se falar em qualidade de formação de professores sem que se discuta valorização profissional (plano de carreira) e condições de trabalho. Isso posto, esperamos que prevaleça o bom senso, e o espírito verdadeiramente democrático. Afinal, não pode haver democracia sem escolas bem equipadas acessíveis para todos, professores bem remunerados e com boa formação inicial e continuada, e projeto político pedagógico construído de modo colaborativo.

Mérito e destaque só tem validade quando refletem a garantia da vivência do exercício pleno de cidadania. Nossa instituição é composta por todos que dela já fizeram parte e, por todos que ainda virão a integrá-la. Neste sentido, apoiamos a Mobilização dos Professores da Rede Estadual de Goiás e afirmamos nosso repúdio à incoerência entre o discurso e a prática ora mantidos pelo Governo do Estado de Goiás.



Goiânia, 27 de fevereiro de 2012.

CONSELHO DIRETOR
Faculdade de Artes Visuais
Universidade Federal de Goiás




Nenhum comentário:

Postar um comentário