No gramado em frente à casa, alguns casais de quero-queros fiziam ninhos onde chocavam os ovos, gestando suas crias.
Nesse mesmo gramado, meu pai reunia o gado periodicamente, para que comessem sal mineral enriquecido, depositado em cochos de madeira preparados para isso, e dispostos espaçadamente em toda a área.
Muitas vezes, o gado pisoteava os ninhos, esmagando os ovos, ou mesmo os filhotes recém-nascidos. Os quero-queros adultos lutavam contra os animais desproporcionalmente maiores que eles. Depois nos atacavam, aos moradores da casa, quando cruzávamos o gramado.
Tanto tempo depois, num recanto da metrópole, acompanho uma família de quero-queros cuja luta cotidiana não é menos desafiadora. Encontrei uma fêmea em choco, num ponto próximoi à toca de outra família de aves, no caso, corujas buraqueiras. Depois de tê-la observado por alguns dias, fui surpreendida pelo movimento tímido de quatro filhotes (os que consegui avistar) sob os cuidados da mãe e o olhar severo do pai, pronto a atacar qualquer visitante indesejado, inclusive outros quero-queros não pertencentes àquele núcleo familiar.
Pouco tempo depois, os reencontrei com a ninhada reduzida a um único filhote. Assisti aos adultos nervosos com as movimentações em torno, e no ataque declarado a outras aves a pequena e mesmo grande distância, enquanto a cria se esconde entre a grama alta, à espera dos piados maternos que acalmam e chamam de volta para o gramado mais raso, passados os perigos.
O que terá ocorrido aos demais filhotes? Que predadores terão vencido o cerco de cuidados do casal de quero-queros?
Nutro a esperança de que o filhote sobrevivente atravesse o período crítico, e se imponha aos riscos. E vou acompanhando seu desenvolvimento, observando-o cada vez mais esperto tanto para catar bichinhos com que se alimentar, como para se esconder rapidamente entre as folhagens. Escapando-me à visão. E à dos inimigos outros...
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