sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Exercícios de alteridade – azul



Levava uma vida relativamente tranquila, sem maiores sobressaltos. Às tantas, entediou-se. Desejou experimentar outras emoções. Na ribalta, deixou-se banhar pelas luzes derramadas das varas de spots e canhões de luz.

Um calor invadiu-lhe as partículas quando as luzes vermelhas arroxearam-no, e riu-se de cócegas quando os amarelos animaram-no em tons de verde. Quando diminuiu a intensidade das luzes, tornou-se soturno, profundo. Mas retomou a vivacidade quando as luzes derramaram-se em jorros cada vez mais intensos. Teve, mesmo, a impressão de que poderia se diluir no branco.

Já não estava tão certo a respeito de sua tonalidade original. Afinal, o azul que julgava ser não era, de fato, absoluto. Sofria os efeitos, também, das relações que estabelecia com o meio, oscilando de acordo com as luzes e as sombras sobre ele projetadas no decurso dos dias e das noites.


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