Domingo calorento. A família foi passear na feira de
artesanato. Aproveitaram para ouvir histórias contadas pela Glorinha
Fulustreka, com seus baús encantados, de onde se tiram livros, lagartas,
boiungas, bolos da macaca, poesia, e tantas outras tranqueiras. O pai, a mãe e
a avó sentaram-se sobre os panos recortados, distribuídos no chão,
estrategicamente, com pequenas trovas manuscritas pela Glorinha. O menino, com
seus cerca de 8 anos, ouviu um pouco das histórias, levantou-se, sentou-se,
levantou novamente, e se sumiu entre os movimentos das gentes, entre as bancas
e os demais encantamentos da feira. A mãe, o pai e a avó ficaram ali, enlevados
pelas histórias. Até que o menino voltou. Trazia um filhotinho de cachorro no
colo. Vinha como quem porta um bem precioso. Sentou-se, olhou para pai, mãe e
avó, explicando: “Ganhei!”. Sorria com a alegria de quem se sente abençoado. Os
três adultos olharam-se, quase pálidos. “Não, vai devolver! Ganhou de quem?” “Da
mulher! Ali! Ela me meu. Não posso devolver! É meu! Eu vou cuidar dele”. O pai
foi até o lugar apontado pelo filho. A mulher confirmou: dera o cãozinho para o
menino. No domingo calorento, a família estava aumentada quando voltou da
feira.
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