Desde há pouco mais de 20
anos, em crescente grau de intensidade, o cinema e a arte contemporânea têm
manifestado formas de aproximação mútua que tomam a forma de múltiplas e variadas
relações. A mais evidente é, sem dúvida,
a recuperação, mais frequente em espaços expositivos, de obras ou de imagens
cinematográficas, convocada por meio de instalações, projeções, e vários
dispositivos. A presença muito clara de uma espécie de "efeito
cinema" na arte contemporânea opera tanto literalmente por
"exposição" (mais ou menos transformadas) de filmes, como pela
reciclagem de fragmentos de arquivos de filme, ou a reconstituição do filme de
referência (como se diz na reconstituição de um crime), por vezes é menos o
caso de migração de imagens que de migração dos dispositivos (trabalho sobre a
forma das salas, da tela, da projeção, da postura do espectador, etc.), outras
vezes, mais indiretamente, talvez mesmo de maneira francamente metafórica, ela
segue por paralelos, alusões, coincidências e semelhanças formais ou
conceituais.
Por outro lado,
simetricamente, é possível notar que, no centro da indústria e da instituição
cinematográfica, muitos cineastas manifestam uma crescente tomada de consciência
das questões da cena artística (por exemplo, pensar o filme como museu, ou opor
um valor de exposição do cinema a um valor de projeção), ou abrem seu trabalho a
experiências de figuração e estruturação “plásticas”, ou às novas apresentações
visuais (sob a forma de instalações ou de performances), quando não se
transformam, eles próprios, em “curados” da exposição.
Finalmente, no plano
histórico, é preciso não esquecer, que, desde algum tempo, o domínio do chamado
“cinema experimental” (cinema expandido ou montagens com filmes já realizados),
e mesmo o vídeo-arte (desde a vídeo-escultura à instalação-projeção) têm
cumprido um papel de transitar na interseção midiática entre a arte e o cinema.
Philippe Dubois é professor no Departamento de Cinema e
Audiovisual da Université Sorbonne
Nouvelle – Paris 3, onde é titular da cadeira de Teorias das formas visuais.
Entre os livros publicados, estão: O ato
fotográfico, e La Question vidéo. Entre cinéma et art contemporain (éd.
Yellow Now, 2012)
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