Quando estacionei o carro na calçada, ele manifestou-se
irritado dentro de casa, denunciando a possível invasão de estranhos. De dentro do carro
também reclamei: Du, não me conhece mais?
Então ele silenciou. Logo o avistei trazendo um tapete atravessado na boca. Postou-se
à entrada do portão, batendo o rabo freneticamente. Não poderia receber
melhores boas-vindas. Requebrava-se todo, com o tapete atravessado à boca. Já do
lado de dentro, aceitei seu convite, brincando um pouco com ele: eu puxava o
tapete por uma ponta, e ele pela outra, aos pulos, tentando tomá-lo da minha
mão.
Entramos para a casa, e ele ficou à porta, vigiando e
ouvindo nossa conversa. Mais tarde, quando retornei ao quintal, falando ao
telefone, ele veio comigo. Ficou por ali, dissimulado, farejando a grama,
observando o movimento de folhas e insetos. Ao final, lhe sorri, o que significou
autorização para que viesse se encostar, buscando agrado. Sugeri-lhe então: Vá lá, busque seu tapete para brincar comigo
mais um pouco. Não se fez de rogado e, prontamente, correu buscar o tapete.
Desta vez, sua provocação comigo foi outra: quando me aproximava para pegar a
ponta do tapete, saía correndo para outro lado e, com os olhos brilhando de
alegria, ficava esperando pela minha aproximação. Ficamos ali, por algum tempo,
correndo para lá e para cá.
Até que decidi retornar para a sala: Pronto, agora chega, não quero mais brincar: guarde seu tapete, vou
entrar. Ele recolheu o tapete e foi, requebrando-se de alegria, guardá-lo
no lugar de onde havia buscado. E postou-se à porta, com a barriga no chão para
se refrescar, atento às nossas conversas. Na despedida, estava lá, com o velho tapete,
o brinquedo do dia, atravessado à boca. Para oferecer-me um último ensaio de
cabo de guerra, e um afago com a cabeça.
Meu amigo Du.
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