sábado, 23 de fevereiro de 2013

Meu amigo Du



Quando estacionei o carro na calçada, ele manifestou-se irritado dentro de casa, denunciando a possível invasão de estranhos. De dentro do carro também reclamei: Du, não me conhece mais? Então ele silenciou. Logo o avistei trazendo um tapete atravessado na boca. Postou-se à entrada do portão, batendo o rabo freneticamente. Não poderia receber melhores boas-vindas. Requebrava-se todo, com o tapete atravessado à boca. Já do lado de dentro, aceitei seu convite, brincando um pouco com ele: eu puxava o tapete por uma ponta, e ele pela outra, aos pulos, tentando tomá-lo da minha mão.

Entramos para a casa, e ele ficou à porta, vigiando e ouvindo nossa conversa. Mais tarde, quando retornei ao quintal, falando ao telefone, ele veio comigo. Ficou por ali, dissimulado, farejando a grama, observando o movimento de folhas e insetos. Ao final, lhe sorri, o que significou autorização para que viesse se encostar, buscando agrado. Sugeri-lhe então: Vá lá, busque seu tapete para brincar comigo mais um pouco. Não se fez de rogado e, prontamente, correu buscar o tapete. Desta vez, sua provocação comigo foi outra: quando me aproximava para pegar a ponta do tapete, saía correndo para outro lado e, com os olhos brilhando de alegria, ficava esperando pela minha aproximação. Ficamos ali, por algum tempo, correndo para lá e para cá.

Até que decidi retornar para a sala: Pronto, agora chega, não quero mais brincar: guarde seu tapete, vou entrar. Ele recolheu o tapete e foi, requebrando-se de alegria, guardá-lo no lugar de onde havia buscado. E postou-se à porta, com a barriga no chão para se refrescar, atento às nossas conversas. Na despedida, estava lá, com o velho tapete, o brinquedo do dia, atravessado à boca. Para oferecer-me um último ensaio de cabo de guerra, e um afago com a cabeça.

Meu amigo Du.


Nenhum comentário:

Postar um comentário