Por vezes ela me surpreendia, no caminho por onde eu
passava, com suas muitas florinhas lilases em forma de estrelinha, pendendo dos
galhos, e depois fazendo um tapete delicado no chão. Imaginei que poderia
plantar uma muda na varanda de minha casa, e ter aquele nascedouro de estrelas
lilases pertinho de mim. Eu poderia, assim, sonhar com constelações, olhando
suas floradas...
Mas eu sequer sabia seu nome...
Então, na primeira tentativa, conseguimos alguns pequenos
galhos da planta que enfeitava o caminho por onde eu passava. Tentei fazer
mudas com as estacas. Sem sucesso. Elas não criaram raízes.
Numa banca de jardinagem, D. Rosa, depois de me ouvir a
descrição da planta, explicou: "O nome dessa trepadeira que você quer é pletléia" (sic). Ela quase dava um nó na língua para pronunciar a estranha palavra. Explicou, também, que as pessoas chamavam, às vezes, de viuvinha. Pareceu-me ficar mais
fácil! E mostrou um pé que tinha no fundo de suas instalações, embrenhada
com outras árvores, apinhada lá nas copas. Disse que era difícil de pegar, mas ficou de me conseguir uma muda. Qual
nada: continuei a ver navios. Ou melhor: sem minhas estrelinhas lilases.
Andei buscando pelos nomes, e descobri tratar-se da petrea, ou viuvinha, confirmando a informação de D. Rosa. Algum tempo depois,
numa banca visinha, o Everaldo conseguiu-me as mudas, já bem enraizadas. Instaladas
em seus vasos, em menos de um mês, eclodiam em folhas novas. E começaram já a
me presentear com suas pequeninas estrelas! Uma festa!
Nenhum comentário:
Postar um comentário