terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Exercícios de alteridade - preto e branco



Dominante preto
No princípio estava a escuridão. Era abafado, e não se avistava nada em qualquer direção. Toda luz sugada no decurso dos tempos fazia-se energia contida. O vórtice encheu-se de todas as luzes em suas múltiplas cores, e inchou-se a tal ponto, que, a certa altura, começou a regurgitar de volta fiapos delas. Aos poucos, os fiapos ganharam volume, e jorravam em arcos de luzes coloridas sobre o vazio. O espaço começou a se mostrar, em transparências. Azuis, amarelos, vermelhos, verdes, roxos, laranjas, libertos das vísceras da noite, expandiram-se nesse espaço-tempo.

Dominante multicolorido
Aprisionadas no preto durante tanto tempo, as luzes, diversas em suas cores, alongaram-se em várias direções, a experimentar o espaço, em contínuo movimento. Refletiram em superfícies espelhadas, multiplicaram-se. Aos poucos foram ganhando familiaridade. Dançantes, e ruidosas, descobriram que podiam brincar entre si, transmutando tonalidades, ganhando mais luminosidade, mais energia.
Energia fluida acelera frequências, e aumenta a rotação dos corpos. Cada vez mais agitadas e alegres, crescentemente mais claras e mais efusivas, tenderam a fundir suas vibrações. Fontes intensas de luz, chegaram a ofuscar-se, entre si.

Dominante branco
Dançando uma dança eletrizante, misturando-se umas às outras em frenesi, não se via mais que luz branca em expansão, a eliminar quaisquer vestígios de sombra, um leve tom cinza que fosse. A luz branca, que jorra com intensidade, ofusca a vista. O sem fim do mundo confunde-se com o logo ali, pois não se vêem distâncias, volumes, formas, proximidades e lonjuras.
Apenas movimento intenso, e luzes refletidas, devolvidas, sem trégua.

Dominante da alteridade
A exaustão apoderou-se das luzes, desejosas de retomarem suas propriedades diferenciais. Na desaceleração, redescobriram-se amarelas, lilazes, verdes, azuis, vermelhas, alaranjadas, em passagens entre-cores de várias tonalidades.
Em comum acordo, passaram a alternar luminosidades, abertas à possibilidade de, eventualmente, serem absorvidas pelo preto, ou serem devolvidas em aceleração máxima pelo branco... podendo, sempre, retornar ao movimento suave dos dias e das noites.



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