sábado, 4 de junho de 2011

Das (des)humanas crueldades


Nos jardins do prédio onde mora minha mãe, apareceu um gambazinho. Pouco menor que um gato, como o bichinho chegou até ali, ninguém sabe. Espírito aventureiro, andarilho urbano. Desafortunadamente, deparou-se com os funcionários do edifício, que resolveram divertir-se a persegui-lo. Quatro homens e uma mulher cercavam o pequeno animal, que corria desnorteado. Batiam nele. Deixavam-no escapulir, para alcançá-lo novamente. Por vezes, ele conseguia chegar até uma árvore próxima. Subia um pouco, para ser puxado de volta pelo rabo. E já estava ele, novamente, na arena dos horrores. Exausto, o gambazinho arrastava-se entre os risos de seus algozes.

Agoniada com o que viu, em vão, minha mãe pediu várias vezes que o deixassem em paz. Após algum tempo, parece terem se entediado da brincadeira. Resolveram, então, atender aos seus pedidos. Mais tarde, ela o avistou, que dormia, frágil, entre as folhas de uma palmeira próxima... Temeu por ele... temeu por todos os pequenos, os fracos, vulneráveis à sanha cruel das covardias e desfaçatezas humanas... 



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