sábado, 9 de abril de 2011

Avançados no tempo



Eu tinha 5 anos quando meu irmão deixou a casa paterna, e seguiu para estudar e trabalhar fora, numa cidade longínqua que eu não sabia onde era, mas imaginava coisas incríveis a respeito. Dois anos depois, minha irmã também seguiu para uma capital federal que, à época, cheirava ainda a canteiro de obras. Em relação a Brasília, minha imaginação pulsava ainda com mais intensidade. E quando eles retornavam, no final do ano, por alguns poucos dias, traziam presentes e histórias para contar. Mas havia e uma expressão no seu olhar que os distanciava, aos poucos, da terra natal. Minha curiosidade não cabia em mim: como viveriam? Como seriam suas casas? De que pensamentos se ocupariam? De uma coisa eu tinha certeza: os lugares onde eles viviam eram muito avançados em relação ao nosso, pois até os relógios que vinham de lá marcavam uma hora à frente dos nossos relógios! 


7 comentários:

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  2. Estimada, entendo sua fala como fiapos de lembranças que revoejam e podem se emaranhar a fiapos que também possuo... quando eu tinha por volta de 6 anos e morava no campo, recebia visitas dos meus irmãos que tinham vindo estudar em Goiânia. Eles levavam presentes e palavras desconhecidas. Ouvi pela primeira vez a palavra piquenique: o ritmo e o som me atormentavam. Também foi por volta deste tempo que eu tomei refrigerante pela primeira vez: era uma garrafa de coca cola, que tinha dentro da tampinha, a branca de neve da disney...humm, eu a guardei dentro de uma caixa de sapatos, junto com miudezas de brinquedos pequenos, só aqueles mais preciosos. Abria a caixa, sozinha, e cheirava a tampinha pra lembrar o sabor. Mas isso sempre vinha junto com uma lembrança malfadada: no primeiro gole de refrigerante, eu virei o gargalo da garrafa todo na boca, sem deixar um respiro, daí, o líquido com gás entrou com tudo, saiu pelo nariz e sufocou... ardume, falta de ar, lágrimas nos olhos, tosse... fiquei sem tomar refrigerante um tempão...rsss... os sufocos não sumiram de todo, mas o bom é que sobraram também algumas tormentas e principalmente, semblantes de encantação. Beijos de carinho.

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  3. Pelo avançado da hora e dos dias, um abraço sincero e ligeiro do velho escriba.

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  4. Rosi, tão querida, por certo temos fios e fiapos que andam se enlaçando uns com os outros. Minhas primeiras experiências com picolé e com a tal da coca cola também não foram as mais tranquilas. aiai. "por isso eu sou kapikonga, kapikonga, kapikonga..."
    Don Alexandro, quanta alegria pela sua visita ao meu bloco de rabiscos! Por vezes desfruto do prazer de visitar o seu. Um abraço carinhoso!

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  5. ...escreví um texto lindão,dedicado a você,a respeito dessas nossas 'sementes',sertanêjas,kapicongas,que,no meu caso,também,caatingueiras...Quando ví o MAR,pela primeira vez,estranhei seu sal,absurdo,de tantíssimas águas 'perdidas',no salôbro,nas suas ondas, que quase 'comiam' meus pés e de Zé e Erenice ( minha irmã-de-criação )...Corríamos, aos gritos, de crianças assustadas:"-...rrêêêila,açudão retááádo!!!..." Sem entender-mos nada a respeito de,onde terminassem, suas águas e a sua fundura...'...prá lá!...Muito prá lá, de lá longe!...'
    PARABÉNS,pela sua crônica,em boa memória-seminal retratando memórias,nossas, da nossa gente! 1x,JB

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  6. PS- Ah!... O danado do texto,o primeiro, simplesmente,desapareceu!... Vai êsse,aí acima...

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  7. que,também,onde,'entender-mos',claro que é,'entendermos'. Certo?

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