A rede de supermercados Walmart anunciou, no apagar das
luzes de 2015, que fechará em torno de 25 lojas no Brasil. É a crise, afirmam. E
encontram ecos entre os leitores da notícia.
No entanto, esse anúncio tão somente veio esclarecer,
afinal, uma situação que me causava interrogações há algum tempo. Explico-me.
Resido nas cercanias de uma das lojas do Walmart que, durante
um bom tempo, foi o endereço certo onde fiz as compras para atender às demandas
domésticas. Várias razões justificavam essa escolha: praticidade, proximidade,
agilidade. Nem sempre os preços eram os mais baixos, mas as demais vantagens
acabavam por compensar.
No entanto, ainda em 2014, começaram alguns problemas.
O fato de terem demarcado vagas especiais e faixas para
circulação de pedestres no estacionamento poderia apontar para um ponto
positivo, não fosse o fato de os próprios funcionários do supermercado serem os
primeiros a não respeitar as vagas e as faixas. Mais que isso, a gerência fazia
vista grossa às observações a respeito, quando não justificava a conduta dos
funcionários, chegando mesmo a alegar que eles estariam sendo orientados a se portar daquela forma. Essa seria uma questão menor? Não me parece. Eu prezo muito
pela civilidade, luto por uma sociedade que respeite os direitos cidadãos, e
essa comparece como uma questão cara, muito cara.
Mais tarde, a fila única para atendimento nos caixas-rápido,
que funcionava de modo muito eficiente, foi desfeita, e adotadas filas
individuais para cada caixa disponível. Rapidamente, clientes com seus
carrinhos lotados, com mais itens do que o previsto para os caixas-rápido,
passaram a se aboletar nessas filas, e os funcionários não tinham autorização
para encaminhá-los para os outros caixas. Outros problemas somaram-se aos desse
tipo, de modo que, se na fila única eu gastava no máximo 20 minutos para pagar
alguma mercadoria, no novo sistema passei a gastar no mínimo meia hora. Procurei,
todas as vezes, pela gerência do supermercado para explicar o que estava
acontecendo, e como resposta ouvi, em todas as vezes, que eles tinham feito uma
pesquisa e aquela era, sim, a maneira mais eficiente de organizarem as filas. A
minha experiência, como cliente, não tinha importância: por princípio, estava
errada. E não foi levada em consideração, mesmo quando os adverti que eu
deixaria de fazer compras ali.
Nesse ínterim, percebi o aprofundamento de uma certa tensão
na atuação dos atendentes, o que em muitas circunstâncias acabava resultando em
rispidez, falta de educação e até desrespeito.
Aos poucos, desviei meu percurso para fazer as compras
necessárias em outro supermercado. Há muito tempo deixei de ir ao Walmart, e
sequer tenho intenção de voltar.
E me perguntava: Será que só eu é que me incomodo com essa
conduta por parte do supermercado? Será que ninguém mais se ressente? Será que
as pessoas continuam comprando, apesar de serem mal atendidas, desrespeitadas?
A resposta veio com essa notícia, que acabou não me surpreendendo: sim, além de mim, mais pessoas deixaram
de comprar no Walmart, tantas, a ponto de os lucros já minguarem, e eles não terem mais interesse em manter sua rede intacta. Agora, fecham lojas atribuindo a
responsabilidade à crise econômica brasileira. Jamais assumirão a incompetência
de gestão como fator preponderante para o quadro que se desenha.
Afinal, a crise na economia brasileira, entre outros fatores, também é devida a empresas que se
comportam dessa maneira, sem maiores compromissos com a sociedade na qual está inserida, e sem responsabilidade com gestão competente.
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