quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Sobre Guerra nas Estrelas e alguma nostalgia


Ontem fui ver o campeão de bilheterias do momento. Star Wars: O Despertar da Força (Star Wars: The Force Awakens), ou Star Wars: Episódio VII – O Despertar da Força. Como queiram.

Divirto-me observando quem vá ver filmes com produção como essa e depois façam longas críticas, apontando problemas, defeitos, e comparando-os aos primeiros da saga, desqualificando as produções mais recentes.

Confesso que fui desvestida de qualquer expectativa, ou de protocolos para análise e avaliação. Fui por entretenimento. Fui ouvir e ver uma história que se conecta a um conjunto de outras histórias já contadas, mas que deve também ser degustada em sua individualidade.

Considero positivo o resultado da minha predisposição. Surpreendentemente, foi o filme que me conduziu a memórias, afetos, e mostrou a mim mesma como diante de um espelho. Foi bom olhar. Foi bom ouvir.

Assisti ao Star Wars Episódio IV: Uma Nova Esperança no final dos anos 1970. Eu não tinha, ainda, 20 anos. A Princesa Leia teria um pouco mais que isso. Era um tempo de efervescências. Em plena ditadura militar, a metáfora do embate entre a sombra e a luz ganhava uma potência extra. Vi os dois episódios que se seguiram. Acho que já não tinham a intensidade inaugural do Episódio IV, mas ligavam-se a ele, articulando sentidos à história que já se instalara, de modo indelével, no meu imaginário.

A segunda trilogia, lançada duas décadas depois da primeira, encontrou outro cenário político e social, outras tensões moviam os afetos. Os recursos tecnológicos digitais que animavam as imagens e os sons suplantaram as referências artesanais com que a primeira trilogia fora realizada, de modo que poucos elos pareciam ligar uma à outra de modo mais explícito, orgânico. Apesar de tratar da mesma saga, descolara-se, a segunda, da primeira, na forma, no ritmo, no espírito. Além disso, o embate entre as sombras e a luz ganhou dubiedades, já fora de contextos tão claramente divididos, como anteriormente: EUA e URSS, esquerda e direita, ditadura e democracia. O Muro de Berlin já fora derrubado.

Ainda e assim, as histórias trouxeram apelos e energia próprios, capazes de encantar.

Mas ontem, ao assistir ao Episódio VII, e ver os rostos envelhecidos de Hans Solo e da Princesa Leia, vi o meu próprio rosto quase quatro décadas depois do episódio inaugural. Mais que isso, entendi que os embates de então não acabaram. Acho mesmo que nunca acabarão. Hoje apresentam-se a mim um pouco mais envelhecidos. Talvez tenham mudado de roupagem, de direção e estúdio. Mas os reconheço como os mesmos. São os mesmos do mesmo modo como eu sou a mesma, ainda que já não...

Sempre renovados, os conflitos, as tensões, as lutas são continuamente restituídos, reinstalados. Repassados às novas gerações, que as assumem como se inaugurais...

Que a força esteja... 




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