terça-feira, 21 de julho de 2015

O que se pode aprender com uma postagem sobre dillenia, no facebook?



Na plataforma digital de relacionamento social, pululam questões, denúncias, declarações, afetos e desafetos, notícias, as últimas descobertas científicas, e também as mais falsificadas... também pululam os grupos com bandeiras as mais diversificadas, cujos membros empunham gritos de guerra no mais das vezes sem sequer compreender-lhes os sentidos...

Foi assim que, fazendo parte de um dos incontáveis grupos ativos, deparei-me com uma questão que me despertou o interesse, por tratar-se de assunto diretamente vinculado à minha própria experiência. Um dos membros postou a foto de uma fruta pouco conhecida, perguntando se alguém lhe sabia o nome.

Há tempos venho observando a planta que dá essa fruta. Suas folhas são plissadas, as flores são belas, e os frutos são, no mínimo, instigantes. Da primeira vez quando me deparei com ela, fui em busca de seu nome e histórico. Levantadas as informações, delas me esqueci, e perdi suas pistas. Como tem sido recorrente em nossas vidas, hoje em dia.

Feita a postagem, rapidamente algumas pessoas começaram a tentar respostas à pergunta do internauta, alternando nomes com imagens de outras frutas. Desde o meu olvido, comecei a acompanhar as tentativas, em silêncio. Mas logo percebi que as pessoas não sabiam de que planta se tratava, e estavam atribuindo a ela nomes e referências erradas. Fiquei aflita, pois conhecendo a planta, sem lhe saber o nome, não conseguia encontrar referência nos buscadores da rede mundial de computadores. Fiz uma única postagem, advertindo que não era nenhuma das plantas já referidas, que se tratava de uma planta de origem asiática (disso eu me lembrava), e, portanto, não era nativa. Mas alguns ainda insistiam em plantas nativas, apesar da minha observação.

Até que alguém, mais curiosa que eu, e mais sistemática, já fizera uma pesquisa sobre a planta, e disponibilizou, na postagem, todas as informações: nome científico, nomes populares, ciclos, origem, características, etc. Ufa! Como é bom encontrar alguém que tem a resposta buscada, e disposta a partilhar as informações. Essa foi a primeira aprendizagem mais importante decorrente da postagem em questão.

O que parecia resolvido, no entanto, acabou revelando outro complicador, este talvez insolúvel, relativo ao comportamento em rede.

Apesar da resposta dada, da questão esclarecida, sem deixar margens para dúvida, as pessoas continuaram escrevendo respostas sem ler as anteriores. Assim, muitos insistiam em atribuir nomes errados à imagem do autor da postagem, postavam outras imagens, comentavam propriedades de outras frutas, perguntavam sobre a original, e ainda, enfatizando seu interesse na questão, pediam a alguém que esclarecesse a questão (já esclarecida...).

Vez e outra, o autor da postagem advertia seus leitores e seguidores que a questão já estava resolvida, bastava que lessem os posts anteriores, e, gentilmente, repetia a resposta. Mas, indiferentemente ao fato de a resposta estar ali, à vista de todos, os demais prosseguiam fazendo sugestões, pedindo respostas.

O episódio mostrou-me, de modo a não deixar dúvidas, o quão superficial tem sido a leitura de informações feita pela esmagadora maioria dos usuários das redes digitais. Emitem-se pareceres, julgamentos, sentenças a partir da apropriação de uma ou duas frases, palavras, sugestões encontradas aligeiradamente no início ou fim de alguma postagem.

A suposta multifonia propiciada pelas redes sociais em ambiente digital resulta, de fato, de um exercício insano de falar, de postar mensagens, sem que se leia, sem que se busque estabelecer relações mais substanciais com as falas/postagens dos demais.

Esta, a segunda grande aprendizagem resultante dessa postagem. Dela, também fui tomada por alguns sustos e preocupações. Dentre essas, a constatação de que as questões coletivas, na melhor das hipóteses, reunindo pessoas com as melhores intenções, ganham esse tipo de discussão...

Mad times... os dessa toada...

Replico os três últimos comentários, registradas às 9:45 do dia 21 de julho. Outros virão, por certo. Mas estes dizem bem da insanidade revelada a partir dessa postagem:

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Resposta n – Por favor, quando descobrirem, postem dizendo que fruta é, e se é comestível.
1 h • Curtir

Resposta n + 1 – Gente. A pergunta foi respondida a muito tempo leiam as postagens mais antigas. A planta chama - se Dillenia indica. É uma planta exótica do sudeste asiático. Sim ela é comestível mas por ser fibrosa a melhor forma de come-la é fazendo suco ou geléia. Não é cagaita nem marmelo!!!!!. Parem de perguntar e leiam os posts antigos!
27 min • Curtir

Resposta n + 2 – Esta fruta se chama FRUTA PAO. a massa dela serve para colocar na farinha quando o pao esta para ser amassado.
2 min • Curtir
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Desesperador...







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