sexta-feira, 24 de julho de 2015

CARTA AOS ESTUDANTES DAS UNIVERSIDADES FEDERAIS



Desde maio último os funcionários das áreas técnicas e administrativa estão em greve, com as atividades paralisadas. Reivindicam questões salariais, mas também têm em pauta as condições de trabalho. Nesse período, quase ninguém percebeu os efeitos da greve por eles deflagrada, pois quase tudo continuou funcionando minimamente, quase dentro da normalidade, apesar de todos os problemas que já se apresentavam. Nesse mesmo período, em muitas universidades federais o movimento grevista foi deflagrado também pelos professores, dadas as condições absolutamente precárias do ponto de vista dos orçamentos e funcionamento em geral com que as instituições estão operando desde o início do ano. Alguns poucos meios de comunicação têm se dignado a divulgar alguns dados a respeito. Mas muito menos do que deveria ser...

A cada passo, as informações que chegam aos gestores das instituições federais de ensino superior, seus funcionários e professores, aumentam a preocupação e evidenciam a inviabilidade de manter minimamente o funcionamento regular.

Não tenhamos dúvidas, nem alimentem ilusões: a universidade que todos esperam encontrar no retorno do recesso não será a mesma que foi deixada ao final do primeiro semestre. O profundo corte orçamentário terá repercussões graves, cuja abrangência eu ainda não consigo imaginar, mas, sabemos, é muito extensa.

Na UFG, muitos funcionários terceirizados já foram demitidos. Pessoas com quem trabalho há quanto tempo, em agosto, já não estarão lá. Os serviços por eles prestados estão paralisados, ou serão paralisados em seguida. Muitas atividades desenvolvidas por professores como parte obrigatória de suas atuações no tripé docência/pesquisa/extensão estão suspensas (seriam mantidas às custas dos próprios professores?...).

Fazer de conta que nada disso esteja acontecendo é, no mínimo, tapar o sol com a peneira. Neste momento, é necessário pensar sobre o que seja o efetivo exercício de cidadania. É necessário pensarmos nosso papel social e nossas tomadas de posição em relação aos projetos de sociedade que pretendamos defender. Ressalto: defender na ação, não em discursos oportunistas, nem nos bate-bocas das redes sociais...

Este é um momento propício para a defesa da universidade, de seus projetos, das condições efetivas de formação de profissionais em nível superior e em pós-graduação, por todos os segmentos da comunidade que integram a UFG. Tomar parte nesse processo também é formação, na compreensão de uma formação mais ampla, efetivamente engajada.

Em lugar de se disseminarem lamentações e queixas sobre o que esteja, ou não, funcionando, lamúrias vitimizadas e vitimizantes, está na hora de se assumir o lugar responsável de cada um no projeto da educação pública de qualidade, e se defender a instituição onde, por excelência, ela possa ser promovida.

Por essa razão, há um indicativo de greve dos professores a ser iniciada no dia primeiro de agosto, somando-se à greve já em curso dos funcionários administrativos e técnicos. Não, não se tratam de férias prolongadas. Não, não queremos a universidade parada. Ao contrário. Será preciso que todos – professores, estudantes e funcionários das áreas técnicas e administrativas – ocupemos a universidade. Será preciso que, juntos, possamos discutir, perguntar sobre as condições necessárias para assegurarmos a universidade que queremos, a nossa universidade. Não percam de vista: os estudantes fazem parte disso. Não se omitam, neste momento!

Por fim, pergunto a vocês: A quem interessa a universidade inoperante?






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