Fragmento 1
Porque os nossos pés é a parte de nós quantas vezes esquecida, nem
sempre cuidada, tão pouco acarinhada. No mais das vezes, os cuidados são
formais, profissionais, a preço de mercado: pedicure, podólogos, sapateiro...
As abordagens atendem a padrões: unhas pintadas, cutículas cortadas, sapatos da
moda, massagens com os últimos equipamentos novidadeiros...
Fragmento 2
Mas é à intimidade que me refiro. Porque não há
intimidade mais delicada do que o toque nos pés da pessoa amada. É como se,
juntamente com os pés, todos os caminhos percorridos fossem acolhidos, e
acarinhados: as dores, os sustos, os cheiros, as paisagens, as texturas ali
impressas, por onde ficaram marcas das pegadas...
Fragmento 3
Quando galgo o mais alto mirante, os olhos se encantam
com o que vêem, o coração pulsa forte bombeando sangue e emoção para todo o
corpo, os braços se abrem em abraço à paisagem, o rosto se delicia com a brisa
ou o sol... Ficam olvidados, quase sempre, os pés, que alavancaram cada passo
rumo ao mais alto, e pouco usufruem do resultado do esforço... A menos que haja
um veio d’água, e eles sejam os mensageiros primeiros do seu frescor experimentado em mergulho, e comunicado
às outras partes do corpo.
Fragmento 4
Que nossos pés nos levem por caminhos que sempre deságuem
em aprendizagens capazes de nos tornarem melhores do que somos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário