domingo, 14 de outubro de 2012

Ode em fragmentos endereçada aos pés



Fragmento 1
Porque os nossos pés é a parte de nós quantas vezes esquecida, nem sempre cuidada, tão pouco acarinhada. No mais das vezes, os cuidados são formais, profissionais, a preço de mercado: pedicure, podólogos, sapateiro... As abordagens atendem a padrões: unhas pintadas, cutículas cortadas, sapatos da moda, massagens com os últimos equipamentos novidadeiros...

Fragmento 2
Mas é à intimidade que me refiro. Porque não há intimidade mais delicada do que o toque nos pés da pessoa amada. É como se, juntamente com os pés, todos os caminhos percorridos fossem acolhidos, e acarinhados: as dores, os sustos, os cheiros, as paisagens, as texturas ali impressas, por onde ficaram marcas das pegadas...

Fragmento 3
Quando galgo o mais alto mirante, os olhos se encantam com o que vêem, o coração pulsa forte bombeando sangue e emoção para todo o corpo, os braços se abrem em abraço à paisagem, o rosto se delicia com a brisa ou o sol... Ficam olvidados, quase sempre, os pés, que alavancaram cada passo rumo ao mais alto, e pouco usufruem do resultado do esforço... A menos que haja um veio d’água, e eles sejam os mensageiros primeiros do seu frescor experimentado em mergulho, e comunicado às outras partes do corpo.

Fragmento 4
Que nossos pés nos levem por caminhos que sempre deságuem em aprendizagens capazes de nos tornarem melhores do que somos.



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