sábado, 22 de setembro de 2012

Depois da chuva, o sabiá




Primeiro, veio a estiagem, longa, combinada com um calor quase insuportável.
Andávamos todos, ou queixosos, ou prudentemente silenciosos, economizando energia, observando os ventos, atentos aos primeiros sinais de uma possível aproximação das chuvas.
Então caíram os primeiros chuviscos. Poucos. Ligeiros. O que parecia ser alívio, logo findava, intensificando o calor com os vapores em que as pequenas gotas se transformavam.
Mas, naquela tarde, choveu mais, por mais tempo. Pequenos veios de água chegaram a serpentear na vidraça da janela. Ao final, a calçada e a grama guardavam poças de água, e o cheiro de umidade espalhava-se na tarde quase fresca.
Então ele veio. Pequenino, pousou sobre a viga, e cantou. Cantou forte e longamente. Seu trinado tomou a tarde, enquanto a luz ganhava um tom doce, mais amarelo, e lufadas de brisa fresca e úmida acalmavam os espíritos.



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