Enquanto eu observava os pacotinhos com couve picada bem
miudinha, o senhorzinho se aproximou, sorridente, antecipando-se à minha pergunta: “Cada um custa dois reais”. Peguei um
pacotinho, meio distraída, olhando o verde escuro das folhas cortadas. Ele
prosseguiu: “Um é dois, faço três por sete”. Sem lhe notar a intenção, respondi, ainda distanciada: “Eu vou levar só um, mesmo”. Ele insistiu: “Mas eu faço
três por sete!”, e riu-se, um riso debochado. Só então me dei conta da brincadeira
proposta. Ri-me também. “Eu tenho que levar alguma vantagem, ué!”, ele
completou. Paguei pelo pacotinho, e levei de gorjeta o riso solto do
senhorzinho vendedor de couve picada.
O bom dia começava ali.
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