sábado, 28 de setembro de 2019

Das cigarras




No fim da tarde quente e seca, estacionei o carro em meio ao trânsito intenso e tenso, em frente a uma frutaria. Quando abri a porta, ouvi, entre os sons dos motores, o início de um trinado, que se prolongou, estendendo-se pelo céu fumacento. Parei, tomada por uma alegria quase infantil, de quem encontra um presente em meio ao caos. Por alguns instantes, apenas o trinado distante da cigarra solitária ocupou minha atenção. Depois a percebi reverberando entre os prédios, as vidraças, os veículos em movimento. O ar pesado tornara-se mais leve. Quase dançante. Corri comprar bananas, castanhas, abacaxi. Dentre as cigarras, em franco processo de extinção, algumas ainda resistem. Até quando? Vida longa a elas!




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