Pessoas que viajam em trens e metrôs têm atitude.
Parecem distraídas, mas estão atentas.
Seus corpos parecem relaxados, mas estão a ponto de (re)agir.
Se em pé, parecem estáveis, embora suas musculaturas trabalhem para manter o equilíbrio apesar do movimento.
Os olhares parecem perdidos na paisagem, mas nada passa
despercebido à volta.
Quando o trem se aproxima da estação, a expressão é de
indiferença...
Mas quando o trem para e a porta é aberta, levantam e saem, como se tivessem decidido fazê-lo no último instante.
Os passos, pela estação, são rápidos, como quem
percorre território conhecido e estranho ao mesmo tempo.
Essa atitude tem alguma correspondência com a lei da física que rege a
condição de viajar no trem.
O corpo está parado dentro do trem que se movimenta em
velocidade.
O corpo parece parado, mas não está: move-se com o trem.
E quando o trem para, e o viajante desembarca, o corpo
começa a se movimentar.
Ou continua a se movimentar. De outra forma.
Em viagens de carro, ou de ônibus, o corpo também permanece
parado dentro do veículo em movimento.
Mas ele não parece parado: as irregularidades da via
sacodem o veículo.
Então não é possível parecer parado.
O movimento se faz sentir de todas as formas.
As viagens de trem, e metrô, de alguma maneira, se parecem
com a viagem que fazemos no firmamento.
O solo por onde caminhamos parece parado, estável, seguro.
Por vezes caímos, mas é pelo efeito da gravidade, e dos nossos próprios tropeços.
Embora pareça, o planeta-veículo que habitamos não está parado.
Movimenta-se em alta velocidade em torno ao sol.
E o sistema solar movimenta-se em alta velocidade na
galáxia.
E a galáxia movimenta-se pelo imponderável, em velocidade que não se calcula pelas escalas humanas...
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