Embora o atendimento na agência bancária, na parte da manhã,
tivesse sido ágil e eficiente (coisa que deixa a gente alegre), na parte da
tarde, na outra agência, demorou muito além do limite da minha paciência,
agravado pelas três filas que tive de encarar, e uma situação de discriminação
que acabei testemunhando. Mas, ao final, tudo acabou sendo resolvido, e cada um
seguiu seu destino. O meu, era a Secretaria de Cultura, para entregar a
documentação, conforme solicitado. No meio do caminho, o céu se dividiu em
dois: de um lado, sol; do outro, chuva intensa e alguns arco-íris que iam
pipocando, e desaparecendo com a mesma velocidade com que surgiam. Estacionei, sob
um temporal, com sol. Só então me dei conta de que tinha esquecido o guarda-chuvas
parceiro. No banco de trás do carro emprestado por minha irmã, havia uma
sombrinha dobrável. Peguei, para examinar. O tecido azul-piscina, delicado,
tinha uns ursinhos brancos pintados na borda. Observei a sombrinha, olhei para o lado
de fora, a chuva derramada, e pensei Isso
não vai dar certo... Fiquei ali, com a sombrinha na mão, sem saber ao certo
o que fazer. Por vezes, a chuva parecia ceder um pouco, mas voltava com mais
força. Encontrei uma sacola de plástico, onde pude abrigar os documentos e
minha bolsa. Na verdade, eu tinha mesmo era vontade de sair na chuva. Mas só
poderia fazer isso na volta, depois de ter resolvido as questões que precisava
fazer, na SECULT. Enquanto esperava, vários arco-íris desenharam-se ali, bem na
minha frente, entre o carro e o Teatro Nacional. Decidi confiar na sombrinha
azul com ursinhos brancos pintados na borda. O carro estava ilhado num espelho d’água. A
longa escadaria por onde fui descendo parecia uma cascata. Lembrei-me, rindo
sozinha, do passeio na chuva que eu e Lara fizemos, em Montes Claros. Decidi
que, na volta, não usaria qualquer proteção. Que a chuva me molhasse. Na
Secretaria, muitas pessoas aguardavam o estio, para encerrar o expediente. No retorno,
a chuva cessara, e o sol se duplicava nos alagados que se formaram. Meu banho
de chuva ficou para outro dia. A sombrinha azul da minha irmã teve trabalho
reduzido.
literatices... letras para nada, talvez para tudo... imagens de nada, que podem ser de tudo... matutações... penseros... rabiscações... daquilo que vejo... ou não... porque tomo assento neste tempo quando a humanidade produz vertiginosamente letras, símbolos e imagens, em busca de sentidos, quaisquer que sejam... ou não...
segunda-feira, 6 de abril de 2015
A sombrinha azul com ursinhos brancos desenhados na borda
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