domingo, 6 de fevereiro de 2011

Enterros do Lopez – memórias da guerra



Antes de morrer, durante a guerra, contavam os antigos que Solano Lopez teria enterrado seu tesouro de patacas de ouro em vários pontos da fronteira, para não entregá-lo aos inimigos que lutavam em nome da Tríplice Aliança. 


Muitas pessoas empenhavam suas vidas na busca desses enterros do Lopez. Houve quem tivesse sonhado com um enterro debaixo de casa, e, ao acordar, não tenha hesitado em derrubar paredes, arrancar piso, em busca do tesouro. Muitas pessoas, também, viam mulas-sem-cabeça ou fogos misteriosos na mata fechada, e interpretavam como sinais indicadores da fortuna, pondo-se na busca. 


Quando corriam boatos de que alguém teria encontrado um enterro do Lopez, a família passava a ser visada por gatunos, ladrões e malfeitores de toda espécie, motivados pela possibilidade de tomar para si o possível tesouro recém-acrescentado ao patrimônio. Há notícias de assassinatos terríveis cometidos dessa maneira. 


E quando havia suspeita de que houvesse enterro nalguma propriedade, ela agregava valor nas negociações de compra e venda.


O desenvolvimento tecnológico da lavoura e as extensas plantações de soja encerraram essa saga do imaginário da guerra. A terra, que guardava mistérios, esconderijos, segredos, foi desnudada, revolvida, exposta ao sol e ao vento. Não há mais enterros do Lopez para serem buscados.



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