No domingo, deixei o primeiro grupo de livros na Praça Universitária, dentro do projeto Livros Pássaros. Só retornei lá hoje, dois dias depois, para buscar rastros do que pudesse ter ocorrido desde então, e deixar o segundo grupo de livros.
No banco onde deixei um pequeno totem de livros, um morador
de rua estava dormindo. Quando me aproximei, percebi que ele usava quatro
livros para apoiar a cabeça. Sorri. Comecei a organizar os livros no canteiro
onde ficam os totens feitos com pedaços de tijolo e cimento. Estavam todos
derrubados. Montei quatro grupos de livros, e apoiei um pequeno pedaço de cimento
sobre cada um, para proteger do vento.
Outro morador de rua, curioso, me perguntou sobre os livros. Respondi que
eram para quem gostasse de ler. Você gosta de ler? Que sim, respondeu. Olhou,
de longe, e seguiu. O rapaz que dormia no banco espreguiçou-se. Sem pressa, levantou-se,
pegou sua mochila e foi embora. Fui verificar quais eram os quatro livros deixados
no banco. Só então percebi que havia, no chão, alguns dos bilhetes que deixei
dentro dos livros.
Fui me distanciando. Um rapaz sentou-se no banco, olhou os
livros, depois seguiu na direção oposta à minha.
Seguimos todos: eu, o rapaz, os moradores de rua, os livros... quem sabe dos nossos destinos?