quinta-feira, 22 de maio de 2025

Tartarugas

Há alguns anos, a professora comprou um carro novo, que tinha airbag. Andava feliz pela cidade, dirigindo a novidade. Numa noite de muita chuva, algumas ruas alagaram. Num cruzamento cheio de água, ela seguiu em linha reta onde precisava contornar uma rotatória demarcada com peças de concreto com a forma de uma esfera cortada ao meio, carinhosamente chamadas de tartarugas. A professora não as viu, pois estavam imersas na água. Como resultado, bateu o carro contra uma delas. No impacto, o airbag foi acionado e explodiu, espalhando material químico e causando queimaduras na pele da professora, em várias partes do corpo.

 

Ela foi à delegacia registrar o ocorrido, para responsabilizar a fábrica do carro pela explosão do airbag. O funcionário preencheu o formulário: “a vítima informa que bateu com o carro contra uma tartaruga...” A professora, atenta, pediu que ele completasse a informação adequadamente: “escreva aí, bateu com o carro contra uma tartaruga de cimento!”. Não queria problemas com as sociedades protetoras dos animais.

 

Algum tempo depois, noite adentro, um carro, depois de ter contornado corretamente uma rotatória demarcada por tartarugas de cimento, bateu com violência contra algum objeto que ele não percebera, danificando a roda e o pneu. O motorista parou o carro adiante, olhou a rua meio transtornado, sem avistar nada que pudesse ter atingido seu veículo. Ficou, por algum tempo, ali, sem compreender o ocorrido. Um passante ofereceu ajuda, que o motorista recusou, entre receios. O passante seguiu sua caminhada, lentamente, observando à distância o carro danificado. E pôde testemunhar o segundo carro também colidindo com alguma coisa, a mesma coisa, que até então ninguém conseguira identificar. O segundo motorista também parou o carro adiante e foi se solidarizar com o primeiro, ambos com a roda e o pneu direito traseiro do carro danificado.

 

Enquanto isso, com calma, o passante chegou mais próximo do cruzamento e identificou uma tartaruga de cimento na rua, deslocada da rotatória, próxima da calçada. À noite, todos os gatos são pardos. As tartarugas de cimento também: pardas e da mesma cor do asfalto e da calçada. Talvez tivesse saído fazer uma caminhada. Assim, disfarçada, ela atingira os dois carros sem ser percebida.

 

Pensando por outro lado, pobre tartaruguinha, mal saíra para um breve passeio, acabou atropelada por dois carros seguidos...

 

Há poucos dias, outra professora relatou que sofrera uma queda, em razão da qual precisou ficar em licença médica por alguns dias. Indagada pela gravidade da queda, ela explicou que, atravessando a rua, tropeçara numa tartaruga... Na queda, bateu com o rosto em outra tartaruga, quebrara um dente, além de escoriações em todo o corpo, resultando em vários hematomas.

 

Tartarugas de cimento: prefiro tê-las minhas amigas... melhor não arriscar!

 

 

 

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